Parlamentares sul-africanos aprovaram nesta terça-feira (21) o fechamento da embaixada de Israel em Pretória e a suspensão de todas as relações diplomáticas até que seja estabelecido um cessar-fogo em Gaza, segundo informações da agência de notícias Reuters.
A resolução é, em grande parte, simbólica, dado que cabe ao gabinete do presidente Cyril Ramaphosa implementá-la.
Não há confirmação do governo até então, tampouco resposta da embaixada israelense.
Ramaphosa e oficiais do Ministério de Relações Exteriores, no entanto, têm sido firmes em suas críticas à campanha militar de Israel contra a Faixa de Gaza, ao exigir do Tribunal Penal Internacional (TPI) que investigue os crimes de guerra.
Na segunda-feira (20), o embaixador israelense em Pretória retornou a Tel Aviv para consultas, à véspera da votação.
A resolução, de autoria do partido Combatentes da Liberdade Econômica (EFF) na semana passada, foi aprovada por ampla maioria, com 248 votos a favor e 91 contrários.
No contexto atual, o partido governista Congresso Nacional Africano (CNA) reiterou apoio ao povo palestino, como parte de sua posição basilar desde 1994, quando tomou posse Nelson Mandela, primeiro presidente democraticamente eleito do país.
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Pemmy Majodina, chefe do CNA no parlamento, propôs uma emenda à resolução original, ao incluir as palavras:
“… até que um cessar-fogo seja consentido por Israel e que Israel se comprometa a aderir a negociações facilitadas pelas Nações Unidas, com intuito de obter uma paz justa, sustentável e duradoura”.
A África do Sul é um dos principais apoiadores da causa palestina na arena internacional, ao associar a reivindicação por um Estado palestino com a luta dos negros sul-africanos contra o regime opressivo de apartheid.
A Anistia Internacional, o Human Rights Watch e a ong israelense B’Tselem, entre outras organizações, corroboram as denúncias de apartheid perpetrado por Israel.
Desde 7 de outubro, Israel mantém bombardeios intensos contra Gaza, em retaliação a uma ação surpresa do Hamas que cruzou a fronteira e capturou colonos e soldados.
São mais de 13 mil mortos em 45 dias, entre os quais 5.500 crianças e 3.500 mulheres, além de 30 mil feridos — cerca de 75% dos quais, crianças e mulheres.
Milhares de edifícios civis, incluindo bairros residenciais inteiros, hospitais, mesquitas, igrejas, escolas e abrigos, foram destruídos ou danificados. Milhares de pessoas estão desaparecidas sob os escombros — provavelmente mortas.
A Organização das Nações Unidas adverte para a catástrofe humanitária e reivindica um fluxo contínuo de assistência à população carente. Gaza vive um cerco militar israelense desde 2007, incorrendo em grave miséria que antecede 7 de outubro.
Israel, entretanto, intensificou o cerco — sem água, comida, energia elétrica e combustível. Ao promover sua campanha, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, descreveu os 2.4 milhões de palestinos em Gaza como “animais”.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.
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