Portuguese / English

Middle East Near You

Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Facebook autoriza anúncio reivindicando ‘Holocausto’ contra os palestinos

Logotipo do Facebook em Ancara, Turquia, 21 de setembro de 2023 [Harun Özalp/Agência Anadolu]

Um pacote de anúncios inflamatórios encaminhados ao Facebook, incitando violência e reivindicando um genocídio contra o palestinos, foi aprovado pela plataforma, revelou a rede de notícias The Intercept.

Os anúncios violam flagrantemente as próprias políticas declaradas do Facebook, ao conter chamados explícitos para “varrer do mapa as mulheres e crianças de Gaza”, assim como um “Holocausto para os palestinos”. No entanto, foram deferidos pelos filtros de moderação da rede.

“A aprovação desses anúncios é apenas a mais recente de uma série de fracassos da Meta contra o povo palestino”, comentou Nadim Nashif, fundador do grupo 7amleh, que realiza pesquisas e monitoramento nas redes sociais.

“Ao longo da crise corrente, vimos um padrão contínuo de claro viés e discriminação contra os palestinos por parte da corporação Meta”, acrescentou.

Os anúncios foram encaminhados em árabe e hebaico e contêm incitação aberta à violência contra a população civil dos territórios ocupados.

LEIA: Como o Meta está mais uma vez falhando com os palestinos

Diante disso, a 7amleh decidiu testar os sistemas automatizados do Facebook e de suas redes afiliadas, que supostamente moderam e proíbem conteúdos nocivos. A postagem chegou a ser deletada após denúncias, mas persiste a dúvida sobre chamados à morte a grupos específicos e marginalizados.

Segundo o The Intercept, os anúncios foram pagos pela Ad Kan, grupo de direita israelense fundado por ex-oficiais do exército e do serviço de inteligência. Segundo seu website, a Ad Kan tem como alvo “organizações anti-Israel”.

No último ano, uma auditoria externa confirmou que o Facebook não tem sequer algoritmos para detectar conteúdo violento em hebraico contra populações árabes. Apesar de prometer melhorias, os anúncios mostram o contrário.

Segundo analistas, há duas hipóteses: ou as ferramentas de inteligência artificial promovidas pela Meta para conter “discursos de ódio” não funcionam ou não se aplicam quando grupos sionistas buscam promover o genocídio do povo palestino.

“Sabemos pelo que aconteceu com o povo rohingya em Myanmar que a Meta tem um histórico de ineficiência no que concerne à proteção de comunidades marginalizadas”, explicou Nashif. “Seu sistema de gestão de anúncios é particularmente vulnerável”.

Neste contexto, todavia, ativistas pró-Palestina são censurados no Instagram e Facebook, com páginas restritas e postagens arbitrariamente deletadas. A censura é especialmente agressiva contra conteúdos em árabe.

As discrepâncias entre o policiamento do discurso em árabe e hebraico renovaram receios sobre o viés do Facebook ao promover discursos de ódio.

LEIA: Celebridades sionistas pressionam TikTok contra liberdade de expressão

Erin McPike, porta-voz da rede, alegou que os anúncios foram aprovados por acidente.

“Apesar dos investimentos, sabemos que haverá exemplos de coisas que deixamos passar ou que são removidas por engano — afinal, máquinas e pessoas cometem erros”, declarou Erin. “Por isso, anúncios podem passar por várias análises, mesmo após serem postados”.

Para os palestinos, os anúncios são uma violência hedionda e demonstram que a plataforma dominante no mundo virtual carece de atenção a sua vida e sua dignidade. Em um ambiente carregado de racismo e discurso de ódio, as implicações no mundo real para tais políticas de “dois pesos e duas medidas” são mortais.

De fato, ativistas comprovaram que postagens no Facebook exerceram um papel fundamental em promover o genocídio de muçulmanos rohingya.

Desde 7 de outubro, Israel mantém bombardeios intensos contra Gaza, deixando 14.854 mortos, incluindo 6.150 crianças e mais de quatro mil mulheres, além de mais de 36 mil feridos — cerca de 75% dos quais, crianças e mulheres.

Cerca de sete mil pessoas estão desaparecidas sob os destroços — entre as quais, ao menos 4.700 crianças —, provavelmente mortas.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

Categorias
IsraelNotíciaOriente MédioPalestina
Show Comments
Palestina: quatro mil anos de história
Show Comments