Haitham al-Ghais, secretário-geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), acusou a Agência Internacional de Energia (AIE) de “vilipendiar” a indústria de combustíveis fósseis, no mais recente confronto entre as partes em relação a políticas climáticas.
As informações são da agência de notícias Reuters.
Al-Ghais respondeu negativamente a uma nota publicada pela agência na quinta-feira (24), a qual reiterou que os produtores de petróleo teriam que escolher entre aprofundar a crise ou realizar a transição para energias limpas.
Trata-se de uma visão extremamente limitada dos desafios que temos adiante, ao minimizar, quem sabe, convenientemente, questões como segurança energética e acesso e acessibilidade. Além disso, difama a indústria como responsável pela crise climática.
declarou al-Ghais em comunicado.
As agências divergem há anos, em questões como demanda de petróleo a longo prazo e investimentos em novas fontes de hidrocarbonetos.
O mais recente atrito coincide com os últimos dias de preparativos dos Emirados Árabes Unidos — produtor da OPEP — para sediar a Conferência do Clima das Nações Unidas de 2023 (COP28), neste fim de semana.
Al-Ghais reiterou que a OPEP estará presente nas negociações climáticas.
A AIE prevê que a demanda mundial por combustíveis fósseis alcançará seu ápice até 2030, à medida que veículos elétricos chegam às ruas e a economia da China desacelera, porém com crescente transição a energias mais limpas.
A OPEP — liderada pela Arábia Saudita — diverge dessas projeções, ao descrevê-las como “perigosas”, em termos de segurança energética, e alertar contra os eventuais apelos para desinvestimento na indústria de petróleo e gás natural.
Na nota de quinta-feira, a AIE foi crítica também às tecnologias de captura de carbono.
“A indústria precisa se comprometer em ajudar genuinamente o mundo a atender suas demandas de energia e metas climáticas — o que significa abandonar a ilusão de que quantidades impossivelmente grandes de captura de carbono são a solução”, disse o comunicado.
Os Emirados Árabes Unidos, segundo país árabe a sediar a cúpula climática após o Egito em 2022, juntamente com outros produtores do Golfo, pedem uma transição energética “mais realista”, na qual os combustíveis fósseis possam garantir o abastecimento à medida que as indústrias se descarbonizam.
Al-Ghais lamentou as críticas da AIE às tecnologias de captura e armazenamento de carbono, citadas nos relatórios da ONU como parte da solução ao problema.
“A verdade que precisa ser dita é simples e clara para aqueles que desejam enxergá-la. É que os desafios energéticos diante de nós são enormes e complexos e não podem ser limitados a uma única pergunta cuja resposta é sim ou não”, alegou al-Ghais.
O cartel conhecido como OPEP+ — que reúne membros da OPEP e aliados, como a Rússia — decidiu no ano passado que não usaria mais os dados da agência internacional ao analisar a conjuntura do mercado de petróleo.
A Arábia Saudita também culpou a AIE, segundo sua previsão de queda na produção russa em 3 milhões de barris por dia (bpd), devido à guerra na Ucrânia, pela decisão dos Estados Unidos de vender petróleo de suas reservas.
LEIA: Acordo de grãos é improdutivo, afirma embaixador russo na Turquia