Os Emirados Árabes Unidos planejam usar seu papel como anfitrião da Conferência das Nações Unidas para o Clima de 2023 (COP28) para pressionar por novos acordos de gás natural e petróleo com regimes estrangeiros, segundo documentos internos vazados ao público. Trata-se da mais recente controvérsia sobre a sede da cúpula.
Segundo o Centro de Monitoramento Climático (CCR), o político emiradense e presidente da COP28, Sultan al-Jaber, deseja discutir acordos de combustíveis fósseis com emissários de 15 países durante o evento, que começa nesta semana.
As informações foram corroboradas por uma fonte interna em condição de anonimato.
Na pauta, está a retirada dos Emirados da lista de “paraísos fiscais” do governo do Brasil, a fim de facilitar investimentos da estatal energética Masdar — da qual al-Jaber é CEO — na América do Sul.
Outro acordo a ser considerado envolve projetos de gás natural liquefeito com a China, além de “apoio ao abastecimento de petroquímicas no Egito”, conforme iniciativas da Companhia Nacional de Petróleo de Abu Dhabi (ADNOC), entre outras.
A cúpula climática, sediada em Dubai por duas semanas, deve receber 70 mil emissários de todo o mundo, com objetivo declarado de solucionar a crise ambiental e climática. Todavia, parece ser apropriada pela indústria de combustíveis fósseis.
Um porta-voz da COP28 tentou negar as acusações, ao declarar “imprecisão”, de modo que os documentos vazados supostamente não têm qualquer relação com o evento.
Além de seu papel como poluidor de larga escala, os Emirados também são duramente criticados por seu histórico de direitos humanos.
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