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O caminho do Catar na economia global do hidrogênio

Logotipo da QatarEnergy, antiga Qatar Petroleum, em 18 de setembro de 2023 [Artur Widak/NurPhoto via Getty Images]

O argumento global para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e fazer a transição para soluções de energia mais limpa continua a crescer. Um relatório recente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas indica que a atual trajetória de emissões ameaça perigos climáticos iminentes e riscos de longo prazo para os habitats naturais e humanos. Esses riscos obrigam ainda mais os fornecedores de energia a reavaliarem e reformularem seus portfólios.

Embora o gás natural seja visto há muito tempo pelos especialistas em energia e pelos governos como uma fonte de energia mais limpa e de transição em relação ao petróleo e ao carvão, os apelos para uma mudança global em direção a fontes de energia com emissão zero também aumentam. Para isso, o hidrogênio surgiu como uma alternativa promissora. Por ser um transportador de energia versátil, o hidrogênio apoia o armazenamento e o transporte de energia renovável e oferece um caminho em potencial para os exportadores de gás natural. Por meio de métodos inovadores, como a reforma do metano a vapor (SMR) em conjunto com a captura de carbono ou o craqueamento do metano, o hidrogênio pode preencher a lacuna entre a economia atual de gás natural e um futuro sustentável.

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Não há como negar que houve um aumento global no investimento no setor de hidrogênio nos últimos anos, com muitos países também revelando estratégias de hidrogênio e desenvolvendo infraestrutura relevante e ligações de transporte. Para países como o Catar, definir uma posição influente nesse cenário em rápida evolução será fundamental para a prosperidade futura do país.

O Catar teve um início promissor em seus esforços para se tornar um participante importante na emergente economia do hidrogênio. Em 2022, a QatarEnergy anunciou planos para a maior fábrica de amônia azul do mundo. A amônia é um transportador de hidrogênio que pode ser armazenado como líquido em condições relativamente mais brandas do que o hidrogênio, reduzindo a complexidade e os custos associados ao manuseio e ao armazenamento, tornando viável o transporte por longas distâncias. Doha também demonstrou seu compromisso com a energia solar ao colocar em operação o projeto Al Kharsaah Solar PV, o primeiro empreendimento solar em grande escala do país. O Catar também planeja adicionar mais duas usinas solares com uma capacidade combinada de 880 MW nos próximos dois anos, o que potencialmente abrirá portas para a produção de hidrogênio verde e amônia.

Em outros lugares, Omã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos (EAU) também estão avançando em seus esforços para conquistar uma posição nos mercados de hidrogênio. A Estratégia Nacional de Hidrogênio de Abu Dhabi, por exemplo, tem como objetivo aumentar a produção doméstica de hidrogênio até 2031 e, ao mesmo tempo, enfatizar o crescimento do mercado e a colaboração regional. Por sua vez, a Arábia Saudita está desenvolvendo uma usina de hidrogênio verde de US$ 8,4 bilhões em NEOM que, após a conclusão, será a maior do tipo no mundo. Enquanto isso, Omã estabeleceu metas de produção ambiciosas e planeja exportar hidrogênio principalmente como amônia. Ambas as iniciativas refletem os abundantes recursos renováveis e a localização estratégica privilegiada do país.

O hidrogênio e a amônia têm uma série de aplicações e casos de uso em potencial, sendo que o primeiro está sendo utilizado para células de combustível em veículos, especialmente no transporte pesado, como ônibus e caminhões. O hidrogênio também tem aplicações no setor industrial, especialmente em processos de siderurgia e refino, e pode servir como uma solução de armazenamento para energia renovável, ajudando a equilibrar a oferta e a demanda nas redes elétricas. A amônia, por outro lado, poderia ser usada como combustível direto em usinas de energia, células de combustível e motores marítimos, oferecendo uma alternativa mais limpa no processo. Como um componente essencial em fertilizantes, o setor agrícola também pode se beneficiar da amônia verde, alinhando-se assim às práticas agrícolas sustentáveis.

Os vastos recursos de gás natural, as sólidas relações internacionais e a infraestrutura de ponta do Catar lhe dão uma vantagem na produção de hidrogênio azul. No entanto, é essencial que o país aborde áreas específicas para melhorias. Doha deve, por exemplo, reconhecer o potencial da produção de hidrogênio e amônia verdes (e turquesa). Isso ajudará o Catar a diversificar e otimizar seu potencial de energia renovável, aprimorar os avanços tecnológicos e diminuir gradualmente sua dependência do gás natural liquefeito.

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Importadores de energia como o Japão, a Coreia do Sul e a Europa também estão migrando para fontes de energia mais limpas, o que os torna potenciais compradores das exportações de hidrogênio do Catar. Em resposta, Doha deve diversificar seu portfólio de energia e desenvolver uma estratégia dedicada ao hidrogênio e à amônia para garantir receitas consistentes e manter seu status de fornecedor confiável de energia. Essa abordagem garantirá o crescimento econômico contínuo e consolidará o lugar do Catar nos futuros mercados globais de energia. Para reforçar sua posição na economia do hidrogênio, o Catar também deve definir o papel do hidrogênio na diversificação e descarbonização das exportações, estabelecendo metas nacionais. A promulgação de regulamentações claras proporcionará clareza aos investidores, enquanto a colaboração com líderes globais em tecnologia pode impulsionar a produção de hidrogênio.

À medida que o ímpeto por soluções verdes cresce globalmente, o potencial do hidrogênio verde derivado de fontes de energia renováveis não pode ser negligenciado. Investir e ampliar a produção de hidrogênio verde pode complementar as estratégias de hidrogênio azul e turquesa, atendendo aos mercados interessados em cadeias de energia totalmente renováveis. Parcerias internacionais de pesquisa e desenvolvimento, especialmente em eletrólise e captura de carbono, também podem ser benéficas. Além disso, a integração da produção de hidrogênio com os setores domésticos, como a produção de aço e de produtos químicos, e a diversificação das ofertas de produtos podem ajudar a explorar novos mercados. Por fim, fortalecer as relações com parceiros internacionais garantirá uma demanda consistente de hidrogênio e contratos de longo prazo. Essas etapas posicionarão firmemente o Catar na vanguarda da economia global do hidrogênio.

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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