Ahmad Nawaf al-Salayma, de apenas 14 anos, libertado das cadeias de Israel conforme acordo de troca de prisioneiros, pôde enfim jantar com sua família.
As informações são da agência Anadolu.
Na terça-feira (28), o Hamas libertou dez prisioneiros israelenses, mantidos na Faixa de Gaza, em troca de 30 reféns palestinos — todos mulheres e crianças.
Ahmad, o mais jovem palestino libertado pelo acordo, retornou para casa, no bairro de Ras Al-Amud, na cidade ocupada de Jerusalém Oriental, junto de seus primos de somente 15 e 16 anos.
A polícia israelense, no entanto, cercou e revistou o apartamento da família e proibiu demonstrações públicas de festividade.
Conforme sua mãe, Sahar, o menino foi preso em maio, acusado de atirar pedras contra um assentamento ilegal fortificado em Jerusalém ocupada e permenaceu sem contato com sua família até 5 de outubro.
A mãe, não obstante, expressou alegria em preparar os pratos favoritos do filho, para enfim recebê-lo nos braços: “Estou muito, muito feliz que meu filho está livre. Mas essa troca veio com um custo muito alto. Milhares de mártires, milhares de pessoas ao relento, expulsas de suas casas. Mas tenho esperanças de que isso vai acabar”.
A família insistiu que nenhum palestino está seguro sob a brutal ocupação militar de Israel. Embora o Estado ocupante tenha libertado 150 palestinos na última semana, outros 3.200 foram detidos desde 7 de outubro.
Traumas geracionais
O pai de Ahmad, Navaf, comentou que Israel cortou toda a comunicação com os prisioneiros palestinos após 7 de outubro.
“Como ex-prisioneiro, eu mesmo não podia visitar meu filho. Sua mãe tem identidade da Cisjordânia e também não podia visitá-lo. Apesar de ser o mais jovem preso palestino na época, ninguém podia visitá-lo”, relatou o pai. “Diante de notícias de repressão, tortura e humilhação cada vez mais maior nas prisões, tudo que podíamos fazer era esperar”.
Najaf passou pela mesma experiência do filho, há 30 anos, também detido na penitenciária israelense de Damon.
“Estou muito feliz que meu filho está livre. Mas essa alegria não é completa. Essa alegria me parte o coração. Meu filho, o mais jovem prisioneiro palestino, teve de caminhar livre sobre o sangue de 15 mil mártires de Gaza”.
Retaliação e punição coletiva
Ahmad confirmou que a repressão na prisão piorou após 7 de outubro. Os presos recebem duas refeições por dia e toda a comunicação foi cortada com o mundo exterior, até mesmo com advogados.
O menino só soube de sua soltura horas antes de ser liberado.
Ahmad expressou saudades de sua mãe e de seus amigos da escola.
O Catar anunciou na segunda-feira uma extensão à trégua de quatro dias entre Israel e Hamas por outros dois dias, nos quais novas trocas de prisioneiros seriam realizadas. A pausa sucedeu 45 dias de bombardeios israelenses a Gaza, com 14 mil mortos, incluindo quatro mil mulheres e seis mil crianças.
Nos últimos cinco dias, Israel recebeu 60 reféns em troca de 180 prisioneiros palestino. Os palestinos — em grande parte, crianças — são mantidos há anos nas cadeias da ocupação, sem julgamento ou sequer acusação; reféns, por definição.
Desde 7 de outubro, Israel dobrou o número de reféns palestinos em suas prisões, chegando a cerca de dez mil detidos arbitrariamente. As ações israelenses — tanto em Gaza quanto na Cisjordânia — são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.
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