O papa Francisco denunciou os ataques de Israel contra a Faixa de Gaza como “terrorismo”, durante um telefonema “tenso” com o presidente do Estado ocupante, Isaac Herzog, ainda no fim de outubro, revelou uma reportagem do jornal The Washington Post.
Segundo relatos corroborados por uma fonte israelense à agência Anadolu, alertou o pontífice: “Não é possível responder terror com mais terror”.
Durante a conversa, Herzog alegou que seu governo “está fazendo o que é preciso em Gaza para defender seu povo”. Em resposta, reiterou Francisco: “Que sejam responsabilizados os perpetradores, não os civis”.
O telefonema entre Tel Aviv e o Vaticano, no qual o papa denunciou as ações israelenses em Gaza como “ato de terrorismo”, foi visto pela propaganda israelense como algo tão negativo que sequer se tornou público até então.
Segundo a reportagem do The Washington Post, a assessoria da Igreja Católica se negou a esclarecer se as denúncias de Francisco foram feitas em âmbito público ou privado, porém confirmou a conversa.
“O telefonema, como outros no mesmo contexto, ocorreu conforme os esforços do Santo Padre para conter a gravidade e escala da situação na Terra Santa”, reconheceu o gabinete de imprensa do Vaticano.
Um porta-voz da presidência israelense se negou a comentar o episódio, ao declinar “inclinação” para mencionar “conversas privadas”.
Francisco, no entanto, tornou as acusações públicas, ao declarar durante uma missa: “Fomos além da guerra. Isso não é guerra. Isso é terrorismo”.
Pope Francis on Israel's assault on Gaza: "This is not war. This is terrorism."
The Assembly of Italian Rabbis have since criticized the Pope and "problematic statements" by the members of the Church. pic.twitter.com/Xwh8yLXYr3
— Hassan Ghani (@hassan_ghani) November 24, 2023
Nesta sexta-feira (1°), o exército israelense retomou seus ataques a Gaza, após sete dias de pausa para troca de prisioneiros.
Israel mantém bombardeios a Gaza desde 7 de outubro, em retaliação a uma ação surpresa do grupo Hamas que atravessou a fronteira e capturou colonos e soldados. Cerca de 15 mil palestinos foram mortos nos 45 dias que antecederam a trégua, entre os quais mais de seis mil crianças e quatro mil mulheres.
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