Em uma reviravolta surpreendente, os republicanos do Senado dos Estados Unidos obstruíram nesta quarta-feira (6) um projeto de lei destinado a fornecer assistência a Ucrânia e Israel, ao citar apreensões sobre a ausência de disposições fronteiriças adequadas conforme a medida.
A votação dividiu a câmara, com 49 votos favoráveis e 51 contrários, sem atingir, portanto, o mínimo de 60 votos necessários para prosseguir com a tramitação.
O senador democrata Bernie Sanders — muito criticado por sua postura vacilante sobre o genocídio em Gaza — se juntou aos republicanos para se opor à medida.
O pacote suplementar de emergência estimado em US$ 111 bilhões, solicitado pelo presidente Joe Biden, compreenderia assistência a Ucrânia, Israel, a região do Indo-Pacífico e certo financiamento para ajuda humanitária em Gaza, além de segurança nas fronteiras e combate ao tráfico de fentanil.
Republicanos insistiram em ressalvas sobre as disposições de fronteira. Sanders, no entanto, levantou críticas sobre os US$10 bilhões destinados a Israel.
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Em uma carta que circulou entre seus colegas na terça-feira (5), o senador de Vermont alertou contra o envio irrestrito de recursos ao governo de Benjamin Netanyahu, à medida que a contagem de baixas civis aumenta em Gaza.
No plenário, reiterou Sanders:
“Não acredito que devamos alocar US$10.1 bilhões em apoio à atual estratégia militar do governo de extrema-direita de Benjamin Netanyahu. Suas ações são moralmente censuráveis e violam o direito internacional. Os Estados Unidos não deveriam endossar tal comportamento.”
O presidente Biden — sob pressão política de todos os lados às vésperas de um conturbado ano eleitoral — expressou disposição a chegar a um meio-termo, incluindo ao adotar “concessões significativas” na política de fronteiras para desobstruir o financiamento à Ucrânia em meio ao seu conflito com a Rússia.
Biden reconheceu a necessidade de mudanças no sistema de imigração, mas enfatizou seu compromisso de fornecer os recursos necessários às organizações de fronteira.
Os fundos atuais visam aumentar o número de agentes de fronteira, juízes de imigração e oficiais responsáveis pelos requerimentos de asilo.
O impasse — ainda vigente — levanta questões sobre o caminho a seguir e o impacto potencial na ajuda internacional em termos de apoio estratégico e influência militar.