Uma reportagem do jornal israelense Haaretz revelou uma grande lacuna entre o número de soldados feridos reportados pelas Forças Armadas e registros médicos, ao apontar subnotificação.
“Segundo o Ministério da Saúde, ao menos 10.548 soldados e civis feridos na guerra foram admitidos entre 7 de outubro e 10 de dezembro”, detalhou o Haaretz. “Destes, ao menos 471 foram internados em estado grave, enquanto 868 foram diagnosticados com ferimentos moderados”.
O periódico comparou os registros médicos com os primeiros números de baixas militares publicados oficialmente por Israel neste domingo (10), desde o início da agressão. Segundo as Forças Armadas, o número de soldados feridos é de apenas 1.593.
“O exército reportou 255 soldados com ferimentos graves, 446 com ferimentos moderados e 892 com ferimentos leves”, reiterou. “O exército divulgou as informações sobre o número de soldados feridos e suas condições após o Haaretz reportar sua recusa há duas semanas”.
Contudo, após conduzir uma análise detalhada sobre os hospitais incumbidos de receber soldados, “uma lacuna considerável e inexplicável” se revelou. Conforme o jornal, prontuários mostram duas vezes mais baixas do que os números divulgados pelo exército.
“Por exemplo, apenas o Centro Médico Barzilai de Ashkelon registra cuidados a 1.949 soldados feridos na guerra desde 7 de outubro – dentre 3.117 pessoas feridas tratadas no mesmo período –; o exército, entretanto, reporta um total de 1.593 soldados feridos”.
Além disso, o hospital Assuta, em Ashdod, recebeu 178 pacientes; Ichilov, na cidade de Tel Aviv, 148 soldados feridos; Rambam, em Haifa, 181; Hadassah, em Jerusalém ocupada, 209; e Sha’arei Tzedek, também em Jerusalém, 139, prosseguiu a reportagem.
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“Outros mil soldados foram tratados no Centro Médico Soroka, em Be’er Sheva, e 650 foram tratados em Sheba, em Tel-Hashomer. A lista é parcial, dado que não inclui soldados em alas de reabilitação já contabilizados como feridos ao chegar nos prontos-socorros e nas alas de internação”.
“Mesmo considerando lacunas de registro, que podem ocorrer no setor de saúde, a discrepância é grande”, reiterou a reportagem.
Segundo a reportagem, dos dez mil pacientes admitidos desde 7 de outubro, 131 faleceram. A grande maioria – 8.308 pacientes – registrou ferimentos leves. Cerca de 600 foram levados aos hospitais com crises de ansiedade e 206 carecem de diagnóstico.
O exército prometeu, a partir desta segunda-feira (11), atualizar diariamente o índice de feridos às 13 horas do horário local. As informações, contudo, devem ser filtradas pelos esforços de propaganda de guerra.
Os números – subnotificados ou não – contrastam drasticamente com as baixas em Gaza. O Ministério da Saúde do território costeiro calcula quase 18 mil mortos e 50 mil feridos, sobretudo civis – 70% dos quais mulheres e crianças.
Conforme o Monitor Euromediterrâneo, o número de mortos em Gaza chega a 23.012, dentre os quais 9.077 crianças. Milhares continuam desaparecidos sob os escombros, provavelmente mortos.
Israel mantém violentos bombardeios a Gaza desde 7 de outubro, em retaliação a uma ação transfronteiriça do grupo Hamas.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.