Mulheres palestinas detidas por Israel sofrem assédio e agressão física por seus carcereiros, reportou ontem (10) a Comissão de Assuntos dos Prisioneiros e Ex-prisioneiros.
O comunicado deu enfoque ao caso de Zainab Abu Sajdiyah, de 50 anos de idade.
Zainab foi detida durante uma invasão de soldados israelenses à sua casa, por volta das 3 horas da madrugada de 27 de novembro, no campo de refugiados de Dheisheh, perto de Belém, no sul da Cisjordânia ocupada.
Zainab foi vendada, algemada e somente então forçada a caminhar até o camburão, para ser transferida à penitenciária de Hasharon. Ao chegar no portão, um soldado puxou seu cabelo e uma agente militar lhe deu um tapa.
“Me empurraram com força e pisaram nos meus pés enquanto eu descia as escadas, depois me revistaram. Durante a inspeção, fui espancada e uma xícara de água foi jogada em mim… Uma das agentes me mandou sair enquanto eu estava nua, mas eu recusei, então ela rasgou meu casaco… Eu queria abotoar o casaco, mas ela me impediu, então me puseram em uma cela com outras prisioneiras, sem condições mínimas para subsistência”, relembrou Zainab.
“A guarda entrou na cela e começou a nos espancar. Ela me deu um tapa e me deu socos por todo o corpo. Recebi golpes violentos no estômago e senti como se não conseguisse respirar. Apertaram minhas algemas e mãos incharam”, acrescentou.
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Mais tarde, foi transferida para a infame penitenciária de Damon, onde enfim recebeu permissão para ir à clínica. Zainab explicou à equipe que sofria de câncer desde 2009 e precisava de exames.
Mãe de cinco filhos, Zainab deve comparecer ao tribunal nesta segunda-feira (11).
Dois de seus filhos também estão detidos por Israel.
Estima-se que 55 prisioneiras palestinas estejam detidas na prisão de Damon, incluindo duas mulheres grávidas e 15 mulheres de Gaza.
Israel mantém bombardeios a Gaza desde 7 de outubro, em retaliação a uma operação transfronteiriça do grupo Hamas. Desde então, as forças ocupantes mataram ao menos 17.700 pessoas e feriram quase 50 mil.
Cerca de 70% das vítimas são mulheres e crianças.
Na Cisjordânia ocupada, as forças israelenses intensificaram uma campanha de prisão que quase dobrou o número de palestinos encarcerados nos presídios da ocupação. Estima-se até dez mil prisioneiros, a ampla maioria sem julgamento ou sequer acusação; reféns, por definição.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.