O exército da ocupação israelense reconheceu nesta segunda-feira (11) possuir projéteis de artilharia contendo fósforo branco, substância química que causa queimaduras graves. A admissão sucedeu um alerta da Casa Branca alegando apreensão sobre o uso do material no sul do Líbano.
À rádio militar israelense, alegou um porta-voz: “Temos munições de fumaça contendo fósforo branco, com propósito de camuflagem e não para conduzir ataques ou começar incêndios. Assim como muitos exércitos ocidentais, temos munições de fumaça contendo fósforo branco”.
A declaração, no entanto, contradiz o uso de fósforo branco em meio aos bombardeios indiscriminados a áreas civis da Faixa de Gaza, assim como o extremo sul do território libanês.
Na manhã de segunda-feira, John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, declarou preocupação sobre as denúncias de que Israel recorreu a munições americanas de fósforo branco em um ataque em particular, em meados de outubro, ao sul do Líbano.
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“Vimos os relatos. Certamente estamos preocupados com isso. Faremos as perguntas necessárias para saber um pouco mais”, declarou Kirby.
Em nota divulgada em outubro, a Anistia Internacional revelou evidências de uso de fósforo branco no Líbano. Os mesmos projéteis foram avistados em Gaza, à medida que feridos com queimaduras graves passaram a lotar os hospitais.
Na ocasião, declarou o grupo: “É preciso investigar um ataque à aldeia de Dhayra, em 16 de outubro, como crime de guerra, devido a seu caráter indiscriminado que feriu ao menos nove pessoas e danificou objetos civis – portanto, em situação ilegal”.
“Nossa perícia verificou os vídeos e fotos que mostram uso de artilharia de fósforo branco em Dhayra”, acrescentou, ao esclarecer que a munição foi “desenvolvida a priori” para deflagrar incêndios e causar ferimentos. “Fósforo branco pode voltar a queimar quando exposto a oxigênio, mesmo semanas após ser emanado”.
Bombas de fósforo são proibidas internacionalmente sob a Convenção de Genebra de 1980, não apenas por seus danos a seres humanos, como também ao meio ambiente.
Israel mantém bombardeios intensos contra Gaza há 67 dias, com apoio dos Estados Unidos e de Estados europeus. A ofensiva por terra agravou os danos à infraestrutura civil, culminando em fome generalizada e epidemias, em meio a um dos maiores massacres da histórica recente.
A maior parte dos hospitais de Gaza – alvos deliberados do regime israelense – está inoperante.
O Ministério da Saúde em Gaza atualizou as baixas nesta segunda-feira (11): 18.205 mortos e 49.645 feridos pelos ataques israelenses. Setenta porcento das vítimas são mulheres e crianças. Milhares de pessoas, no entanto, continuam desaparecidas sob os escombros – provavelmente mortas.
Somente na segunda-feira, 208 pessoas foram mortas e 416 foram feridas.
As ações israelenses são crime de guerra e genocídio.