Artistas denunciam centro de exposição em Bristol por censura antipalestina

Diversos artistas britânicos se uniram em uma carta aberta para denunciar o célebre Centro Internacional Arnolfini de Artes Contemporâneas, na cidade de Bristol, por “censura à cultura palestina”, em meio a um contexto de perseguição a vozes solidárias à população de Gaza, sob intensos bombardeios por parte de Israel.

Entre os signatários estão os músicos Geoff Barrow e Adrian Utley, da banda Portishead, Robert del Naja, da banda Massive Attack, os autores Alice Oswald, Nikesh Shukla, Shon Faye, Travis Alabanza e Rachel Holmes, entre outros.

Assinam também o músico Brian Eno, os autores Raymond Antrobus, Isabel Waidner, Lola Olufemi e Huw Lemmey, a atriz Juliet Stevenson e os artistas visuais Colin Self, Paul Purgas, Jasleen Kaur, Ben Rivers, Tai Shani, Jumana Manna e Erica Scourti.

A carta serve de resposta ao cancelamento do Festival de Cinema Palestino de Bristol pela diretoria local.

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Os signatários apontam para um “padrão alarmante de censura e repressão no campo das artes”, ao citar uma série de cancelamentos e ameaças no Reino Unido e além.

O centro de artes — cujos recursos são públicos — justificou a medida ao afirmar “falta de confiança de que os eventos não incorreriam em atividades políticas”. Seu comunicado no Instagram foi duramente criticado.

O Arnolfini, no entanto, já organizou diversos eventos com fundo político. Em 2022, recebeu um evento contrário à invasão russa em território ucraniano, cuja bilheteria foi destinada ao Comitê de Desastres e Emergência da Ucrânia.

A carta dá destaque ao assassinato dos quase 20 mil palestinos em Gaza em questão de semanas, além da destruição de mais de cem locais de história e cultura pelas forças de Israel.

Além disso, denuncia esforços “para silenciar vozes e narrativas palestinas, neste momento, não apenas como traição aos princípios fundamentais do pluralismo e da liberdade estética, como também absoluta desumanidade”.

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Os signatários concordam que o legado duramente conquistado da liberdade nas artes “não pode cair presa do autoritarismo, do racismo e da censura”, ao reafirmar: “Qualquer um que se importe com o funcionamento democrático de nossas instituições culturais deve reservar apreensão”.

Os artistas prometeram ainda manter suas ações coletivas e diretas e utilizar suas plataformas para ampliar o público solidário ao povo palestino.

“A partir de agora, devemos, relutantemente, recusar qualquer cooperação com o centro de artes ou participação em seus eventos”, concluíram os artistas.

Desde 7 de outubro, o exército israelense mantém uma guerra de extermínio contra a Faixa de Gaza, deixando 18.412 mortos e 50.100 feridos.

As ações israelenses são crime de guerra e genocídio.

 

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