Israel comete o crime de recorrer à fome como tática de guerra na Faixa de Gaza sitiada, ainda sob intensa campanha de bombardeios, alertou nesta segunda-feira (18) um novo relatório da organização Human Rights Watch (HRW).
Apesar da pressão internacional pela proteção de civis, Israel mantém seus ataques ao enclave sitiado, deixando cerca de 20 mil mortos e 50 mil feridos até então – 70% dos quais mulheres e crianças. Estima-se quase 2 milhões de deslocados à força de uma população de 2.4 milhões de habitantes.
Conforme o relatório: “As forças israelenses bloqueiam deliberadamente a entrega de água, comida e combustível, além de impedir a assistência humanitária, destruir áreas agrícolas e privar a população civil de itens indispensáveis a sua sobrevivência”.
“Por mais de dois meses, Israel priva a população de Gaza de água e comida, política encorajada ou apoiada por oficiais de alto escalão, refletindo dolo em causar fome à comunidade civil como método de guerra”, comentou Omar Shakir, diretor regional do HRW.
“Líderes globais deveriam denunciar este abominável crime de guerra, com impacto devastador na população de Gaza”, acrescentou.
Ao destacar as graves condições humanitárias no território palestino, o grupo confirmou que a entrada de gás de cozinha pela primeira vez a Gaza desde 7 de outubro, conforme autorização israelense, durante o cessar-fogo de sete dias, foi insuficiente.
“Tudo isso contribui para uma catástrofe humanitária de enormes consequências sobre uma população cujo número de deslocados internos chega a 80%, muitos dos quais abrigados em condições insalubres de superlotação nos centros das Nações Unidas, no sul de Gaza”.
A trégua entre Hamas e Israel para troca de prisioneiros entrou em colapso no início de dezembro, conforme recusa do governo israelense sobre as negociações.
Stephane Dujarric, porta-voz das Nações Unidas, reiterou que o cessar-fogo “mal conteve as demandas” da população deslocada pela ofensiva israelense.
O governo de Israel não comentou o relatório do HRW.
Segundo o Programa Alimentar Mundial (PAM), há grave risco de fome generalizada em Gaza.
Oficiais da ONU reiteram que as condições no espaço meridional cada vez mais reduzido – portanto, cada vez mais densamente povoado – são “dantescas”.
O cerco absoluto a Gaza, reforçado em outubro – sem eletricidade, comida, água e combustível – soma-se a um embargo de mais de 16 anos, e “equivale a punição coletiva contra a população civil, isto é, crime de guerra”, advertiu o relatório do HRW.
“Como potência ocupante em Gaza, segundo a Quarta Convenção de Genebra, Israel tem o dever de garantir que a população civil tenha acesso a suprimentos médicos e alimentares”, concluiu a denúncia.
As ações israelenses em Gaza desde 7 de outubro são crime de guerra e genocídio.
LEIA: Situação no Hospital al-Shifa em Gaza é um ‘banho de sangue’, confirma OMS