Mirjana Spoljaric, presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, descreveu a guerra em Gaza como um “fracasso moral” da comunidade internacional, ao ressoar apelos por um cessar-fogo imediato, segundo informações da agência Reuters.
Spoljaric instou Israel e Hamas a firmar um novo acordo para suspender os combates.
“Venho falando de fracasso moral porque todo dia que isso continua é mais um dia no qual a comunidade internacional se mostra incapaz de dar fim a tamanho sofrimento, com impacto a gerações e gerações, não somente em Gaza”, comentou Spoljaric a jornalistas em Genebra, nesta terça-feira (19).
“Não há nada sem um acordo entre as partes, peço que continuem negociando”, declarou a diplomata, ao reforçar demandas por uma pausa humanitária e pela soltura de prisioneiros de guerra capturados pelo Hamas em 7 de outubro.
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No fim de novembro, foi firmada uma trégua mediada por Catar e Egito para que fosse realizada uma troca de prisioneiros, com 110 israelenses e 240 palestinos libertados — todos mulheres e crianças.
Israel voltou a sua ofensiva no dia 1° de dezembro, ao rejeitar as demandas do Hamas para estender o cessar-fogo e reaver outros prisioneiros. Desde então, forças coloniais mataram alguns dos reféns, ao alegadamente confundi-los com cidadãos palestinos.
Apesar de facilitar a libertação de reféns, a Cruz Vermelha tornou-se alvo de israelenses radicalizados, que a acusaram de “servir de táxi” aos “terroristas” de Gaza.
“As solturas em si são operações altamente sensíveis e complicadas”, alertou Spoljaric, ao denunciar tais ataques como “inaceitáveis e ultrajantes”. “Nossos colegas arriscam a vida durante tais missões”.
Sob pressão interna, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, pareceu sugerir durante a semana que novas negociações estão em curso, após seu diretor do serviço de inteligência Mossad se reunir com o premiê do Catar.
Spoljaric dispôs suas equipes a ajudar novamente: “Continuaremos a conversar com todos os lados e estaremos prontos para tornar operacional qualquer acordo alcançado””.
Israel mantém ataques brutais contra Gaza desde 7 de outubro, deixando 19.453 mortos e 52.286 feridos – 70% mulheres e crianças. Os ataques têm como alvo toda a infraestrutura civil de Gaza, incluindo abrigos e hospitais.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.