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Guerra no Sudão se expande e afeta resposta assistencial

Cerca de sete milhões de deslocados internos no Sudão assolado pela guerra enfrentam condições de fome, à medida que acabam os recursos da ONU. “A situação no Sudão após oito meses de conflito é catastrófica”, declarou Clementine Nkweta-Salami, vice-representante especial do secretário-geral das Nações Unidas, ao observar que apenas 38.6% dos US$2.6 bilhões necessários foram recebidos

22 de dezembro de 2023, às 08h07

Cerca de 350 mil crianças estão sob risco direto de serem mortas, feridas ou novamente deslocadas na região de Wad Madani, no Sudão, à medida que os combates avançaram ao estado de Gezira durante a semana, reportou a ong Save the Children.

A população de Wad Madani chegou a 700 mil pessoas, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), incluindo 500 mil pessoas que chegaram recentemente à cidade, expulsas de suas casas pela violência que tomou todo o país.

Wad Madani é considerada um centro de operações humanitárias desde o início da guerra, em abril deste ano, ao abrigar grandes estoques de suprimentos dedicados à população carente da região.

Os combates tomaram a noite. Baixas em Wad Madani superaram 300 mortos, incluindo profissionais de saúde, segundo o Sindicato dos Médicos do Sudão.

Segundo testemunhos, a situação de saúde é catastrófica. Feridos não conseguem chegar às instalações de saúde, à medida que hospitais têm de fechar as portas devido à violência.

“A situação no Sudão é de caos e carnificina. Cerca de 350 mil crianças em Wad Madani, muitas das quais já deslocadas sob bombas e balas, que fugiram à cidade com suas famílias, veem seu refúgio se tornar mais um foco de insegurança”, relatou o Dr. Arif Noor, diretor nacional da Save the Children.

“Crianças morrem de medo de serem abduzidas, estupradas e recrutadas à força por grupos armados”, acrescentou. “Elas veem coisas que nenhuma criança deveria jamais ver”.

“Oito meses após a escalada no conflito, fica cada vez mais difícil encontrar um lugar seguro no Sudão. Essa é uma crise internacional que exige atenção urgente para encontrarmos uma resolução pacífica e conseguirmos, assim, fornecer a assistência que as pessoas tão desesperadamente precisam”, concluiu Noor.

O Sudão é tomado por guerra civil desde abril, quando as Forças Armadas, que governam o país, entraram em confronto direto com seus antigos parceiros de coalizão, o grupo paramilitar Forças de Suporte Rápido (FSR).

Cerca de sete milhões de deslocados internos no Sudão assolado pela guerra enfrentam condições de fome, à medida que acabam os recursos da ONU. “A situação no Sudão após oito meses de conflito é catastrófica”, declarou Clementine Nkweta-Salami, vice-representante especial do secretário-geral das Nações Unidas, ao observar que apenas 38.6% dos US$2.6 bilhões necessários foram recebidos.

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