Cerca de 350 mil crianças estão sob risco direto de serem mortas, feridas ou novamente deslocadas na região de Wad Madani, no Sudão, à medida que os combates avançaram ao estado de Gezira durante a semana, reportou a ong Save the Children.
A população de Wad Madani chegou a 700 mil pessoas, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), incluindo 500 mil pessoas que chegaram recentemente à cidade, expulsas de suas casas pela violência que tomou todo o país.
Wad Madani é considerada um centro de operações humanitárias desde o início da guerra, em abril deste ano, ao abrigar grandes estoques de suprimentos dedicados à população carente da região.
Os combates tomaram a noite. Baixas em Wad Madani superaram 300 mortos, incluindo profissionais de saúde, segundo o Sindicato dos Médicos do Sudão.
Segundo testemunhos, a situação de saúde é catastrófica. Feridos não conseguem chegar às instalações de saúde, à medida que hospitais têm de fechar as portas devido à violência.
“A situação no Sudão é de caos e carnificina. Cerca de 350 mil crianças em Wad Madani, muitas das quais já deslocadas sob bombas e balas, que fugiram à cidade com suas famílias, veem seu refúgio se tornar mais um foco de insegurança”, relatou o Dr. Arif Noor, diretor nacional da Save the Children.
“Crianças morrem de medo de serem abduzidas, estupradas e recrutadas à força por grupos armados”, acrescentou. “Elas veem coisas que nenhuma criança deveria jamais ver”.
“Oito meses após a escalada no conflito, fica cada vez mais difícil encontrar um lugar seguro no Sudão. Essa é uma crise internacional que exige atenção urgente para encontrarmos uma resolução pacífica e conseguirmos, assim, fornecer a assistência que as pessoas tão desesperadamente precisam”, concluiu Noor.
O Sudão é tomado por guerra civil desde abril, quando as Forças Armadas, que governam o país, entraram em confronto direto com seus antigos parceiros de coalizão, o grupo paramilitar Forças de Suporte Rápido (FSR).
Cerca de sete milhões de deslocados internos no Sudão assolado pela guerra enfrentam condições de fome, à medida que acabam os recursos da ONU. “A situação no Sudão após oito meses de conflito é catastrófica”, declarou Clementine Nkweta-Salami, vice-representante especial do secretário-geral das Nações Unidas, ao observar que apenas 38.6% dos US$2.6 bilhões necessários foram recebidos.
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