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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Quase 580 mil pessoas em Gaza enfrentam ‘fome catastrófica’, alerta ONU

Palestinos fazem pão sob os bombardeios de Israel, em Rafah, no sul de Gaza, em 20 de dezembro de 2023 [Abed Rahim Khatib/Agência Anadolu]

Ao menos 576.600 pessoas na Faixa de Gaza sitiada enfrentam “fome catastrófica”, alertou a Organização das Nações Unidas (ONU) em novo relatório nesta quinta-feira (21).

As informações são da agência de notícias Anadolu.

“Toda a população de Gaza — cerca de 2.2 milhões de pessoas — vivem em crise ou entre os piores níveis de insegurança alimentar aguda”, afirmou o relatório de Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC), publicado pelo Programa Alimentar Mundial (PAM) e outras ongs e agências.

O IPC é uma plataforma multilateral que analisa dados para determinar a gravidade de crises alimentares conforme padrões científicos reconhecidos internacionalmente.

Segundo o relatório, cerca de 26% dos palestinos de Gaza — 576.600 pessoas — “exauriram seus suprimentos alimentares e suas capacidades de enfrentar a fome catastrófica (Fase 5) e a crise de fome” que assola o território densamente povoado.

Cindy McCain, diretora executiva do PAM, reiterou: “Alertamos sobre a catástrofe iminente por semanas. Tragicamente, sem meios de segurança e acesso contínuo, que tanto pedimos, a situação é desesperadora e ninguém em Gaza está livre da fome”.

Caso a situação corrente de “conflito intenso e restrição humanitária” persista, o documento prevê “risco de fome aguda dentro dos próximos seis meses”.

Ao ecoar apelos por um cessar-fogo, declarou McCain: “Não podemos cruzar os braços e ver as pessoas morrerem de fome. É preciso acesso humanitário já, para levar aos civis socorro humanitário que pode salvar suas vidas”.

Especialistas do PAM destacaram que a população de Gaza “esgotou todos os seus recursos, com seus meios de subsistência destruídos, junto de padarias e lojas, enquanto famílias não conseguem encontrar alimento”.

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Relatos confirmam que famílias inteiras ficam sem comida por dias e que adultos pulam suas refeições para que as crianças possam comer.

“Não são somente números, mas sim indivíduos — crianças, mulheres e homens por trás de estatísticas alarmantes”, observou Arif Husain, chefe de economia do PAM. “A complexidade, a magnitude e a velocidade com que se desenrola a crise não têm precedentes”.

O documento pede acesso de assistência alimentar e multissetorial em caráter emergencial para conter as mortes — não apenas pelas bombas, mas também pela desnutrição.

“A pausa de sete dias confirmou que o PAM e nossos parceiros podem fornecer socorro caso as condições permitam e a abertura da travessia de Kerem Shalom [na fronteira com Israel] pode abrir caminho a novos fluxos em Gaza”.

Os acessos humanitários por Rafah — com Egito, no extremo sul — e Kerem Shalom, porém, são imensamente insuficientes para responder às demandas resultantes pela destruição da infraestrutura civil na Faixa de Gaza.

Kerem Shalom (em árabe, Karm Abu Salem) é a única travessia comercial de Gaza. Mais de 60% da ajuda ao território passavam pelo terminal antes de Israel impor um embargo militar absoluto contra a população, no início de outubro.

Ao promover o cerco — sem comida, água, eletricidade ou medicamentos —, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, descreveu os palestinos como “animais”.

A retórica desumanizante corrobora denúncias sobre a intenção israelense de esvaziar Gaza de sua população nativa para anexar o território — isto é, limpeza étnica.

Israel lançou intensos bombardeios contra a Faixa de Gaza desde 7 de outubro, deixando 20 mil mortos, 50 mil feridos e dois milhões de desabrigados, de uma população de 2.4 milhões de pessoas, além de milhares de desaparecidos sob os escombros.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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