Ex-líder da oposição israelense pede inquérito sobre ‘fogo amigo’ em 7 de outubro

Shelly Yachimovich, ex-líder da oposição israelense, reivindicou um inquérito sobre ataques das Forças Armadas ocupantes a uma residência de colonos no chamado envelope de Gaza, deixando 12 reféns mortos, reportou a agência Anadolu.

Conforme a parlamentar trabalhista, os colonos foram mortos sob a “Diretiva Hannibal”, que diz que é preferível haver mortes do que prisioneiros de guerra.

O governo israelense, junto ao exército, mobiliza uma campanha para impedir investigações ou qualquer esclarecimento sobre os incidentes, após se confirmar que o brigadeiro-general Barak Hiram ordenou disparos de tanques de guerra contra uma casa em Be’eri, matando 12 pessoas, incluindo crianças.

O episódio ocorreu em 7 de outubro, durante uma ação surpresa de combatentes do grupo palestino Hamas que cruzaram a fronteira e capturaram colonos e soldados.

Desde então, o exército e o governo israelense são duramente criticados por suas falhas na ocasião, assim como por negligenciar o retorno de reféns e lançar uma guerra de extermínio contra Gaza.

Segundo a imprensa em hebraico, a “Diretiva Hannibal” é uma série de protocolos aplicados pelo exército israelense sobre como unidades em campo devem responder à captura de um soldado ou colono por forças hostis.

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A controversa ordem foi emitida em 1986 e supostamente revogada em 2016, por decisão do general Gadi Eisenkot, então chefe do Estado-maior, que hoje possui poderes de ministro no Conselho Militar.

Para Yachimovich, no entanto, as mortes dos 12 reféns estão relacionadas à diretiva.

Israel se nega a reconhecer oficialmente ordens dessa natureza na ocasião, apesar de provas compiladas pela imprensa, incluindo gravações de áudio que corroboram “fogo amigo”.

O jornal americano The New York Times publicou uma reportagem investigativa sobre os 12 mortos por um projétil de blindado no kibbutz Be’eri, sob instruções de um comandante de Israel, após os colonos serem capturados por militantes palestinos.

A denúncia da tradicional opositora do partido Likud se soma à crise interna vivenciada por Israel, à medida que o premiê Benjamin Netanyahu — réu por corrupção — se nega a recuar de Gaza ou ceder a apelos por sua renúncia.

A pressão doméstica se intensificou após soldados israelenses matarem três concidadãos em Gaza, que portavam uma bandeira branca e pediam por socorro.

Nesta terça-feira (26), a rádio militar israelense Kan reconheceu ainda que as forças coloniais mataram “por engano” dois soldados enviados a Gaza, em novembro. A execução decorreu também de um disparo de tanque de guerra.

Israel perdeu ao menos 491 soldados desde o início de sua operação por terra em Gaza, com uma escalada nas baixas em dezembro, à medida que combatentes da resistência palestina passaram a usar os escombros como cenário de guerrilha.

Israel mantém bombardeios implacáveis contra Gaza desde 7 de outubro, deixando 20.674 mortos, 54.536 feridos e dois milhões de desabrigados até então — entre uma população de 2.4 milhões de pessoas. A maioria das vítimas são mulheres e crianças.

Hospitais, abrigos, igrejas, mesquitas e mesmo sítios arqueológicos da primeira Cristandade não foram poupados.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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