A Organização das Nações Unidas (ONU) nomeou nesta terça-feira (26) uma coordenadora para supervisionar as remessas assistenciais à Faixa de Gaza, como parte de uma resolução do Conselho de Segurança adotada na sexta-feira, após longo impasse.
As informações são da agência de notícias Reuters.
Sigrid Kaag está deixando o cargo de vice-premiê e ministra das Finanças da Holanda para se tornar coordenadora sênior de socorro humanitário e reconstrução de Gaza a partir do dia 8 de janeiro de 2024, reportou a ONU em comunicado.
“Neste novo papel, Kaag deve facilitar, coordenar, monitorar e verificar os encaminhamentos de socorro humanitário a Gaza”, confirmou a nota. Kaag deve estabelecer também um novo “mecanismo” para acelerar o envio humanitário a Gaza via países terceiros.
Kaag é diplomata veterana das Nações Unidas; previamente comandou uma equipe mundial de peritos que realizaram esforços para eliminar o arsenal de armas químicas do regime sírio de Bashar al-Assad.
Em julho, Kaag anunciou sua saída do governo holandês devido à escalada de um “ambiente tóxico” na vida política do país.
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“Esperamos coordenar esforços com a sra. Kaag, junto ao Escritório das Nações Unidas para Serviços e Projetos, a fim de acelerar o fluxo de assistência humanitária para salvar vidas dos civis palestinos da Faixa de Gaza”, comentou Matthew Miller, porta-voz do Departamento de Estados Unidos, em nota por escrito.
A resolução do Conselho de Segurança, no entanto, falhou em pedir um cessar-fogo, mesmo após uma semana de procrastinação e negociações para votar seu texto, diante da iminência de um veto de Washington em apoio a Israel.
A resolução pede, porém, “medidas urgentes para permitir de imediato acesso humanitário seguro, sem restrições e de maior alcance, para criar condições para a cessação sustentável das hostilidades”.
Em meio à crise interna e à indignação global sobre as 11 semanas de genocídio israelense em Gaza, a Casa Branca do presidente Joe Biden orientou seu embaixador na ONU a apenas se abster da resolução proposta pelos Emirados Árabes Unidos.
Todas as resoluções anteriores, salvo um documento introduzido pela China, foram vetadas por Washington. Biden insiste em seu apoio “incondicional” a Israel, apesar de recordes de rejeição à véspera de um conturbado ano eleitoral, no qual deve enfrentar novamente o ex-presidente Donald Trump.
Desde 7 de outubro, os ataques israelenses a Gaza deixaram 20.674 mortos e 54.536 feridos, além de dois milhões de desabrigados — 70% das baixas são mulheres e crianças.
As ações israelenses são crime de guerra e genocídio.