Trabalhadores de saúde e jornalistas realizaram uma vigília em frente à sede do governo do Reino Unido, em Downing Street, na capital Londres, em memória dos colegas assassinados pelos bombardeios israelenses a Gaza, assim como para reivindicar um cessar-fogo.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
Entre os manifestantes, estavam figuras proeminentes, como o neurologista pediátrico Omar Adel-Mannan e a jornalista palestina Lemis Andoni, que denunciaram a firme cumplicidade do governo britânico às agressões de Israel.
“Holocausto em 2023”
Adel-Mannan, que trabalhou em Gaza, emitiu uma forte mensagem à “silenciosa maioria”, ao instá-la a “romper o silêncio e agir diante da crise humanitária” que se agrava a cada dia que passa no território palestino.
“Tenho vergonha de todos e cada um de vocês”, destacou o médico. “Vocês estão vendo as crianças dizimadas. Vocês estão vendo seus corpos mutilados. O que mais querem? Tenham alguma coragem, alguma humanidade!”
Adel-Mannan expressou frustração pela falta de resposta institucional, ao reiterar a urgência da situação. “Gaza é uma evidente crise humanitária. Isso é um genocídio. Isso que vemos é o holocausto de 2023 se tornando realidade”, acrescentou.
“Somos muitos. Juntos, estamos seguros. Quando somos atacados ou ameaçados em nossas casas, nossos lugares de culto ou trabalho, há muitos de nós, que compreendem a gravidade dessa crise humanitária, para que nos defendamos”, concluiu o neurologista.
“Tão culpados quanto Israel”
Andoni responsabilizou o governo britânico pela violência em curso.
“Responsabilizamos pessoalmente o sr. Rishi Sunak [primeiro-ministro] e o governo do Reino Unido pelos assassinatos em massa”, declarou a jornalista. “São tão culpados quanto Israel. São todos culpados por essas mortes, pelas mortes de crianças!”
Andoni reivindicou da imprensa ocidental que respeite seu código de ética e se comprometa com a justiça, ao deixar de distorcer os fatos em favor da propaganda de guerra. “Não existe jornalismo sem compromisso com a justiça”, reafirmou.
Risa, fisioterapeuta representando seus colegas de Gaza, falou com emoção sobre o trauma e a perda impostos a seus colegas.
“Fisioterapeutas são assassinados junto de suas famílias desde outubro. Não são números, são como eu e você. Vão trabalhar em busca do melhor para seus pacientes, porém sabendo que podem não voltar para a casa”, lamentou Risa.
Ao enfatizar a violência vivenciada em Gaza, comentou: “Sinto que disse isso todas as vezes que falei em eventos, em todo ato ou comício, mas a violência que se desenrola diante dos nossos olhos é absolutamente indizível”.
Israel mantém uma ofensiva brutal contra a Faixa de Gaza desde 7 de outubro, deixando ao menos 21.672 mortos, 56.165 feridos e dois milhões de desabrigados. A maioria das vítimas são mulheres e crianças.
Nas últimas 24 horas, ao menos 165 palestinos foram mortos por bombardeios de Israel.
As ações israelenses são crime de guerra e genocídio.