O advogado americano Alan Dershowitz, que defendeu o pedófilo condenado Jeffrey Epstein, o estuprador em série Harvey Weinstein e o ex-presidente de extrema-direita Donald Trump, está cotado para liderar a defesa de Israel contra as acusações de genocídio registradas pelo governo da África do Sul no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ).
Muitas vezes citado como “cão de caça” de Tel Aviv, Dershowitz parece ser o candidato favorito do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para comandar a defesa, mesmo embora o advogado de 85 anos tenha uma longa história de controvérsias junto ao direito internacional.
Em 2004, Dershowitz alegou que o órgão legal Organização das Nações Unidas (ONU) foi criado sobre a discriminação antijudaica, ao tentar difamar a agência por uma opinião consultiva sobre a construção ilegal do Muro do Apartheid nos territórios palestinos ocupados.
Segundo o veredito, o muro é “contrário à lei internacional”.
Os relatos da escolha de Dershowitz foram reportados por Barak Ravid, correspondente político da rede Axios. “Oficiais israelenses dizem que Netanyahu quer Alan Dershowitz para representar Israel na audiência em Haia da próxima semana, sobre as denúncias sul-africanas de genocídio em Gaza”, comentou Ravid na rede social X (Twitter).
Ravid telefonou a Dershowitz, que não negou as afirmações.
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Dershowitz ganhou notoriedade como advogado de OJ Simpson, no célebre caso do assassinato da esposa do atleta e outra vítima, no qual foi absolvido sob forte espetáculo e sensacionalismo da defesa. Simpson, no entanto, foi considerado responsável pelas mortes três anos depois, em um caso da vara cível registrado pelos familiares das vítimas.
Desde então, Dershowitz reuniu um portfólio de criminosos notáveis, dentre os quais Epstein e Weinstein. Epstein foi indiciado em 2019 por tráfico de menores na Flórida e em Nova York. Em dezembro, um juiz nova-iorquino ordenou que as identidades de mais de 150 indivíduos citados nos documentos judiciais de Epstein fossem divulgadas.
Conforme uma das vítimas, Epstein a aliciou, desde os 16 anos, a Dershowitz para que tivessem relações sexuais ao menos seis vezes. O advogado nega as acusações.
Um ano após o suposto suicídio de Epstein, então condenado, um agente do serviço secreto de Israel, o Mossad, afirmou que o multimilionário americano e sua namorada, Ghislaine Maxwell, eram espiões israelenses que usavam meninas menores de idade para extorquir informações de políticos em todo o mundo.
Weinstein era um dos produtores mais bem-sucedidos de Hollywood, quando diversas atrizes o denunciaram por assédio sexual e estupro em meio ao movimento Me Too. Em maio de 2018, Weinstein foi indiciado por cinco acusações de estupro; condenado por duas, em fevereiro de 2020. Weinstein contratou uma empresa israelense para espionar suas vítimas.
Dershowitz é um firme defensor de Israel e ideólogo sionista, incluindo livros como The Case for Israel, Defending Israel e War Against the Jews. Amigo de longa data de Netanyahu, Dershowitz defendeu uma série de assentamentos ilegais nos territórios ocupados e minimizou os horrores das baixas civis pelos ataques de Israel, muitas vezes ao apelar à difamação de antissemitismo.
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Israel mantém ataques implacáveis contra Gaza desde 7 de outubro, deixando 22.185 mortos e quase 58 mil feridos, além de dois milhões de desabrigados. Os massacres israelenses deixaram Gaza em ruínas, sob profunda crise humanitária.
Cerca de 60% da infraestrutura local foi destruída ou danificada, em meio a um cerco absoluto imposto por Israel que priva os habitantes carentes de luz, água, comida e medicamentos.
As ações israelenses são crime de guerra e genocídio.