Mais de cem pessoas foram mortas por duas explosões descritas como “atentados terroristas” que atingiram uma cerimônia em memória do falecido comandante iraniano Qassem Soleimani, reportou nesta quarta-feira (3) à agência de notícias Reuters.
O incidente ocorreu no quarto aniversário do assassinato de Soleimani, então comandante das forças al-Quds, unidade de elite da Guarda Revolucionária do Irã.
Soleimani foi morto em 2020 por um ataque a drone ordenado pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, perto do aeroporto internacional de Bagdá, capital do Iraque.
Soleimani está sepultado em um cemitério na cidade de Kerman, no sudeste do Irã.
Uma fonte não identificada disse à agência estatal IRNA que “dois aparatos explosivos plantados junto à estrada que leva ao Cemitério de Mártires foram detonados remotamente por agentes terroristas”.
Babak Yektaparast, porta-voz dos serviços de emergência do Irã, contabilizou 73 mortos e 170 feridos. A televisão estatal, no entanto, estimou mais de cem mortos.
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Não há informações até então sobre os responsáveis pelos ataques.
Vídeos divulgados pela imprensa iraniana mostram dezenas de corpos em torno de transeuntes que buscavam ajudar os sobreviventes, enquanto grupos numerosos fugiam da área.
“Ouvimos um som terrível, apesar de todas as medidas de segurança”, relatou Reza Fallah, chefe da Sociedade do Crescente Vermelho em Kerman. “Estamos ainda investigando”.
Centenas de pessoas atenderam à cerimônia. Segundo Fallah, havia uma “multidão enorme”, de modo que suas equipes tiveram de esvaziar a área, apesar de todas as vias estarem bloqueadas.
Como comandante das forças al-Quds, Soleimani supervisionava ações e estratégias no exterior da Guarda Revolucionária, incluindo operações e contatos, em particular, na campanha iraniana contra a presença ilegal dos Estados Unidos no Oriente Médio.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou “veementemente” o ataque no Irã, segundo informações da agência de notícias Anadolu. A nota de repúdio foi emitida por sua porta-voz, Florencia Soto Nino, a jornalistas.
“O secretário-geral pede que os perpetradores sejam responsabilizados”, declarou Soto Nino.
Segundo seu relato, Guterres expressou condolências aos familiares das vítimas e ao governo do Irã e desejou rápida recuperação aos feridos.
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O atentado em Kerman ocorreu um dia depois do assassinato de Saleh al-Arouri, vice-líder do gabinete político do Hamas, em Beirute, capital do Líbano, representando possível disseminação da guerra em Gaza a todo a região.
O Hezbollah libanês, ligado a Teerã, culpou Israel.
Israel mantém ataques implacáveis contra Gaza desde 7 de outubro, deixando 22.185 mortos e quase 58 mil feridos, além de dois milhões de desabrigados. Os massacres israelenses deixaram Gaza em ruínas, sob profunda crise humanitária.
Cerca de 60% da infraestrutura local foi destruída ou danificada, em meio a um cerco absoluto imposto por Israel que priva os habitantes carentes de luz, água, comida e medicamentos.
As ações israelenses são crime de guerra e genocídio.