Chris Kempczinski, diretor executivo do McDonald’s, confirmou que a empresa está vivenciando o que descreveu como “impacto significativo nos negócios”, em meio a apelos por boicote à rede de fast-food por seu apoio a Israel.
Os efeitos negativos foram observados tanto em mercados do Oriente Médio quanto em países fora da região, sob chamados do movimento civil de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) contra empresas ou produtos que porventura apoiem o apartheid israelense.
Em postagem na rede LinkedIn publicada nesta quinta-feira (4), escreveu Kempczinski: “Diversos mercados no Oriente Médio e alguns fora da região estão vivenciando impacto significativo nos negócios, que afetam marcas como o McDonald’s”.
“Isso é desolador e sem fundamento”, alegou o CEO. “Em todo país em que operamos, incluindo nos países islâmicos, o McDonald’s é orgulhosamente representado por operadores locais”.
“Nossos corações continuam junto das comunidades e das famílias impactadas pela guerra no Oriente Médio. Abominamos toda e qualquer violência, rechaçamos firmemente o discurso de ódio e sempre manteremos nossas portas abertas a todos”, acrescentou.
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A nota de relações públicas confirma o impacto das críticas a imagens e vídeos que viralizaram online, nas quais lojas em Israel oferecem lanches gratuitos a soldados combatendo em Gaza. Os registros levaram a indignação do público árabe e galvanizaram apelos por boicote.
O movimento de BDS — organização pró-Palestina fundada em 2005, seguindo o modelo de luta antiapartheid da África do Sul — sugeriu boicote ao McDonald’s em novembro, ao advertir para o “apoio aberto” de franqueados ao exército israelense.
O grupo denunciou ainda esforços corporativos para reprimir protestos. “Em vez de pressionar a marca parental, a Corporação McDonald’s, a revogar seu vergonhoso contrato de franquia com Israel, o McDonald’s da Malásia e seu proprietário saudita buscam desesperadamente silenciar vozes solidárias junto à luta palestina por libertação”.
“Não podemos deixar isso passar”, acrescentou o alerta. “Vamos mostrar ao McDonald’s o que movimentos de base por boicote podem fazer”.
A franquia malaia do McDonald’s abriu um processo contra o ramo nacional do BDS no início da semana, alegando disseminação de “declarações falsas e difamatórias” sobre Gaza, afetando os negócios. Segundo a agência Reuters, a empresa pede indenização de US$1 milhão.
O impacto sobre o McDonald’s pela campanha de BDS soma-se a uma perda de US$11 bilhões da marca Starbucks, totalizando 9.4% em seu valor de mercado. Além disso, a fabricante esportiva Puma decidiu encerrar seu patrocínio à seleção nacional de futebol israelense, sinalizando outro êxito da campanha.
Israel mantém ataques a Gaza há três meses, deixando ao menos 22.400 mortos e 57.614 feridos — 70% dos quais mulheres e crianças.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.
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