Após finalmente entrar na Faixa de Gaza sitiada em 17 de dezembro, Jacob Burns, coordenador de projetos da ong Médicos Sem Fronteiras (MSF), reiterou que “não restou nada” no território costeiro, devido aos bombardeios indiscriminados de Israel.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
A ong divulgou nesta sexta-feira (5) o relato de Burns, que entrou em Rafah para tentar ajudar a população deslocada à força. Burns se deparou com o que descreveu como uma situação horrível para os palestinos de Gaza.
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“Gaza basicamente acabou, não restou nada”, afirmou Burns em mensagem de voz divulgada na rede social X (Twitter).
“É um choque enorme atravessar Rafah e se ver imediatamente rodeado de pessoas que olham desesperadas para os carros como se trouxéssemos comida e água, e encontrar as ruas da cidade lotadas de pessoas que buscam um teto”, observou.
O oficial mencionou as dificuldades para sobreviver, à medida que as tendas improvisadas são feitas “basicamente de lençóis finos de plástico, quase transparentes”.
Segundo o relato, a situação nos hospitais é “caótica, mais próxima de um campo [de refugiados] … repleto de pessoas amontoadas tentando dormir, tentando achar um canto para se acomodar, tentando achar o que comer, tentando achar um pouco de água”.
“[Os médicos] literalmente ajoelham sobre o sangue no chão, tentando intubar e salvar as vidas dos feridos. As condições de intubação e tratamento são muito, muito extremas”, acrescentou.
Israel mantém uma implacável ofensiva a Gaza desde 7 de outubro, deixando 22.400 mortos e 57.614 feridos — 70% dos quais mulheres e crianças —, além de dois milhões de desabrigados. Sessenta porcento da infraestrutura de Gaza foi destruída, em meio ao colapso de saúde e corte de luz, água e entrada de insumos básicos.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.
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