Polícia da Nova York realiza prisões por túnel encontrado em sinagoga

A polícia de Nova York prendeu dez judeus ortodoxos após confrontos em uma sinagoga no Brooklyn nesta segunda-feira (8), quando trabalhadores da construção civil tentaram concretar um túnel clandestino. A operação foi recebida com violência por estudantes da sinagoga.

Os túneis pareciam conectar partes distintas da sinagoga, incluindo o centro de orações e um banho feminino, ao se estender para além da área construída, tomando até mesmo estruturas vizinhas e as ruas da cidade.

A passagem foi escavada sob a sede do movimento Chabad, movimento hassídico e messiânico, com sede no bairro de Crown Heights.

As escavações corriam há anos, mas foram descobertas apenas no mês passado, quando um proprietário local ouviu ruídos à noite. Autoridades descreveram o túnel como “amador”, contudo advertiram para riscos estruturais ao longo de sua extensão.

Segundo relatos, as vias foram construídas por jovens do movimento Chabad, para contornar as restrições sobre a pandemia de covid-19, entre 2020 e 2021. Através dos túneis deles, seria possível acessar o templo sem a necessidade de passar pelo controle de segurança.

O uso corrente das vias ainda não está claro, embora supostamente utilizado para chegar a um mikvah feminino, como são conhecidos os banhos rituais judaicos.

Parte dos estudantes se rebelou contra a polícia, ao vandalizar a sede da organização para impedir que os túneis fossem selados.

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A agência judaica de comunicação Forward, com sede nos Estados Unidos, reportou que o episódio está entre as últimas controvérsias decorrentes de um conflito de anos entre o movimento Chabad e a liderança da sinagoga pelo controle do edifício.

O rabino local Yosef Braun condenou a obra clandestina: “Uma coisa horrível ocorreu hoje e, infelizmente, vem acontecendo há muitos, muitos anos. Um grupo de pessoas que não foram indicadas por ninguém assumiu o controle do santuário, para fazer o que bem quisessem.”

O porta-voz do movimento Chabad-Lubavitcher, o rabino Motti Seligson, disse em comunicado publicado na plataforma de rede social X (Twitter) que ações de “extremistas” forçaram o fechamento temporário do prédio enquanto aguardava uma revisão de segurança estrutural.

“Isso é, obviamente, profundamente angustiante para o movimento Lubavitch e para a comunidade judaica em todo o mundo”, escreveu Seligson. “Esperamos e oramos para poder restaurar rapidamente a santidade e o decoro deste lugar santo.”

O Chabad Lubavitch é um movimento judaico ortodoxo fundado no século XVIII em Belarus, de grande influência na comunidade judaica dos Estados Unidos.

O movimento cresceu drasticamente nos últimos anos por sua relativa permissividade com judeus e gentios, incluindo a conversão do presidente argentino Javier Milei e a aceitação de judeus reformados, como Jared Kushner, genro do ex-presidente Donald Trump.

O Lubavitch é atualmente o movimento judaico que mais cresce nos Estados Unidos, base de apoio do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.

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