O Tribunal Penal Internacional (TPI) anunciou que está investigando possíveis crimes contra jornalistas palestinos em meio ao bombardeio incessante de Israel na Faixa de Gaza.
A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF), sediada em Paris, apresentou sua segunda queixa ao TPI em dezembro, acusando o regime israelense de crimes de guerra relacionados à morte de jornalistas que cobrem a guerra em Gaza.
Montaser Al-Sawaf, um cinegrafista freelancer da Anadolu que foi morto em ataques aéreos israelenses em 1º de dezembro, está entre os jornalistas citados na denúncia. Os jornalistas Asem Al-Barsh, da rádio Al Najah, Bilal Jadallah, da Casa de Imprensa Palestina, Rushdi Al Siraj, Hassouna Salim, da Agência de Notícias Quds, Sari Mansour, fotojornalista da Quds News, e Samer Abu Daqqa, correspondente da Al Jazeera, também foram citados.
De acordo com a RSF, os “jornalistas palestinos podem ter sido deliberadamente visados como jornalistas”, e é por isso que a organização está descrevendo essas mortes como “homicídios intencionais de civis”.
Desde 7 de outubro, Israel matou 111 jornalistas palestinos em Gaza e continua a impedir que a imprensa estrangeira entre no enclave sitiado para relatar as atrocidades cometidas lá.
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“O gabinete do procurador Karim Khan garantiu à organização que os crimes contra jornalistas estão incluídos em sua investigação sobre a Palestina”, anunciou a RSF na segunda-feira.
O tribunal confirmou a declaração ontem, dizendo: “A investigação do Gabinete do Procurador do TPI sobre a situação no Estado da Palestina diz respeito a crimes cometidos dentro da jurisdição do Tribunal desde 13 de junho de 2014”.
A declaração foi feita depois que o Escritório de Mídia de Gaza denunciou o assassinato dos jornalistas palestinos Hamza Wael Al-Dahdouh, filho do chefe do escritório da Al Jazeera em Gaza, Wael Al-Dahdouh, e Mustafa Thuraya, “nos termos mais fortes desse crime hediondo” cometido pelo “exército de ocupação israelense contra jornalistas”.
Israel tem como objetivo “intimidar os jornalistas em uma tentativa fracassada de obscurecer a verdade e impedir a cobertura da mídia”, acrescentou o escritório.
Israel lançou ataques aéreos e terrestres contra a Faixa de Gaza desde 7 de outubro. Desde então, pelo menos 23.084 palestinos foram mortos e 58.926 ficaram feridos, de acordo com as autoridades de saúde de Gaza.