Amos Harel, correspondente militar do jornal israelense Haaretz, voltou a advertir que a ofensiva israelense em Gaza não resultou, tampouco será capaz de resultar no retorno dos prisioneiros de guerra sob custódia da Hamas, apesar das promessas de políticos e autoridades neste sentido.
“Netanyahu continua a repetir slogans vazios, como ‘Lutaremos até a vitória’, mas, no caso dele, isso decorre principalmente de considerações de sobrevivência política”, apontou Harel em uma análise publicada nesta quarta-feira (17), ao antever a queda do primeiro-ministro.
“Netanyahu percebe que, apesar do crescente apoio popular a um acordo de troca de prisioneiros entre Israel e Hamas, incluindo concessões difíceis, tal acordo, no entanto, levaria ao desmantelamento de seu governo, porque seus parceiros de extrema-direita provavelmente retirarão seu apoio por causa disso”, acrescentou Harel.
Segundo o artigo, o chamado Gabinete de Guerra está dividido sobre a troca de prisioneiros: por um lado, Netanyahu, o ministro da Defesa, Yoav Gallant, e o ministro de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, se opõem a um cessar-fogo de longo prazo e à libertação de milhares de prisioneiros palestinos; por outro lado, Benny Gantz e Gadi Eisenkot, ministros oposicionistas do Partido da União Nacional, e o chefe do Shas, Aryeh Deri, parecem apoiar a medida, mesmo que isso custe o fim dos combates.
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Harel observou que a capitulação significaria, de certo modo, reconhecer a vitória do Hamas nesta rodada do conflito, sobretudo devido a falhas estratégicas de proporções inéditas.
De acordo com Tel Aviv, ao menos 136 cidadãos israelenses e estrangeiros permanecem em custódia na Faixa de Gaza. Durante a pausa humanitária de 24 a 30 de novembro, 86 israelenses e 24 estrangeiros foram libertados, em troca de prisioneiros palestinos — todos mulheres e crianças.
Relatos mostram, no entanto, que os bombardeios indiscriminados de Israel a Gaza já mataram parte dos prisioneiros.