O Partido Trabalhista de Israel confirmou nesta quarta-feira (17) planos para submeter uma nova proposta ao Knesset por uma moção de censura contra o governo do premiê Benjamin Netanyahu, devido a sua incapacidade de recuperar os prisioneiros de guerra mantidos em Gaza.
“Nossos filhos e filhas permanecem em cativeiro do Hamas há 103 dias”, declarou o partido na rede social X (Twitter). “São 103 dias que o Estado de Israel continua dividido entre Gaza e Israel. São 103 dias que o governo não dá a mínima”.
Em outra postagem, prosseguiu o partido: “Eles não têm tempo. Nós não temos tempo. Não há confiança no governo de que faça tudo que pode para resgatá-los. Não existe confiança em um governo que não põe os sequestrados como prioridade; um governo que se importa mais com seus interesses corruptos do que com aqueles que lhe deram a vida. Não se pode confiar neste governo — é preciso derrubá-lo”.
O Partido Trabalhista tem quatro dos 120 assentos no Knesset, chefiado por Merav Michaeli, ex-ministro dos Transportes.
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A medida, no entanto, se soma à crise interna que toma Israel, na qual famílias dos soldados e colonos capturados pelo Hamas em 7 de outubro pressionam Tel Aviv a reavê-los, mesmo que isso custe um cessar-fogo. Netanyahu, porém, insiste em “lutar até a vitória”.
Analistas observam que o premiê teme deixar o poder caso a ofensiva em Gaza se encerre, à medida que sua base de apoio de extrema-direita deve minguar sob as concessões. O líder israelense enfrenta também processos na justiça por corrupção e crime de responsabilidade, que podem levá-lo à cadeia.
Na quarta-feira, o partido Yesh Atid, que detém 24 assentos no Knesset, chefiado pelo líder da oposição e ex-premiê Yair Lapid, anunciou sua própria moção de censura contra o premiê, dessa vez em repúdio ao orçamento aprovado na quinta-feira passada.
“Este governo não pode continuar a existir”, alertou o partido. “Trata-se de um fracasso que custa a vida das pessoas e o futuro do país”.
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A moção de censura requer maioria de 61 deputados para ser aprovada. A atual coalizão de Netanyahu possui 64 assentos, o que torna sua derrota ainda improvável. A coalizão, porém, formada por grupos distintos de extrema-direita, mostra sinais de fissura, à medida que seu genocídio em Gaza não mostra resultados.