Cerca de metade dos soldados de um batalhão da reserva do exército israelense se negaram a combater na Faixa de Gaza sitiada, ao apontar que não receberam o tratamento adequado para tanto, reportou nesta quarta-feira (17) a rádio em hebraico Kan Reshet Bet.
“Reservistas convocados a treinamento antes de serem estabelecidas as Brigadas Hashomer … criticaram duramente as graves falhas em equipamento, profissionalismo, contingente e, sobretudo, o fato de que, no meio do treinamento, foram informados de que entrariam em Gaza sem concluir as instruções requeridas”, declarou a reportagem.
“Para o assombro dos soldados, o major-general anunciou sua decisão de levar seu batalhão ao coração de Gaza sem a preparação devida”.
Segundo um soldado: “Recebemos a ordem de convocação [em dezembro] e respondemos ao chamado. Eles nos disseram que nossa tarefa seria proteger cidades [perto de Gaza], mas uma semana depois de um treinamento horrível, conduzido sem munição ou comandantes, fomos subitamente informados que entraríamos em Gaza para esvaziar as casas”.
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“Somos todos soldados de combate. Eu mesmo estive nas Brigadas Nahal, outros estiveram nos batalhões de infantaria, mas não executamos missões há anos”, afirmou o soldado. “Nos deram armas M16 que desmontavam na mão e não havia munição para o treino. Pegávamos balas do chão para ter com o que atirar”.
Alguns reservistas chegaram a treinar sem uniformes, enquanto outros receberam somente camisetas e coturnos, acrescentou a reportagem.
“Não dá para compreender como queriam introduzir uma força tão desqualificada na Faixa de Gaza”, lamentou um dos soldados.
Após cem dias de ofensiva militar contra Gaza, Israel enfrenta desafios políticos e logísticos, sem sinal de que os combatentes da resistência nacional palestina, que aderiram a táticas de guerrilha entre os escombros, recuarão no futuro próximo.
Neste entremeio, no entanto, os bombardeios indiscriminados de Israel destruíram 60% da infraestrutura civil de Gaza, ao matar 24.448 pessoas e ferir outras 61.504 vítimas; na ampla maioria, mulheres e crianças.
As ações israelenses são crime de guerra e genocídio.