O tráfego de navios no Canal de Suez desabou 30% entre 1° e 11 de janeiro de 2024, quando comparado com o mesmo período do ano passado, devido às tensões políticas e às ações do grupo iemenita houthi contra embarcações ligadas ao Estado de Israel.
Osama Rabie, chefe da Autoridade do Canal de Suez, disse à rede MBC Masr que os receios de segurança levaram embarcações a adotar rotas mais extensas. Rabie descartou reduzir as taxas aduaneiras, de modo que não ajudará a atrair barcos de volta ao Egito.
Em outubro, sua agência aumentou suas taxas a alguns petroleiros em 15%, incluindo cargas de petróleo cru e produtos derivados.
“O impacto da crise na navegação global é considerável, resultando em uma desaceleração das correntes de abastecimento. O que acontece agora, nos lembra do período da pandemia de coronavírus. Os barcos não avançam; quando avançam, chegam tarde”, explicou Rabie.
A queda no tráfego resultou em perda de 40% na receita nos períodos supracitados.
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O impasse agrava ainda a crise fiscal que assola o Egito, cujo governo de Abdel Fattah el-Sisi busca negociar novos empréstimos com o Fundo Monetário Internacional (FMI), além dos US$12 bilhões já consentidos pelo órgão fiscal.
A navegação no Mar Vermelho, que incide em Suez, desabou por operações do grupo houthi no Iêmen em solidariedade a Gaza. O governo de facto em Sanaa impôs um embargo à área, impedindo que cargas comerciais e militares cheguem a Israel.
Os houthis emitem alertas às tripulações e disparos de aviso; quando ignorados, apreendem os navios. As ações não incorreram em baixas, mas várias empresas deixaram de navegar na região, ao preferir a rota muito mais extensa e onerosa do Cabo da Boa Esperança.
Em defesa das operações comerciais, em detrimento da crise política na região, forças dos Estados Unidos e Grã-Bretanha bombardearam Sanaa, capital do Iêmen; contudo, sem recuo iminente do grupo houthi.
Em Gaza, os bombardeios de Israel destruíram 60% da infraestrutura civil, ao matar 24.448 pessoas e ferir 61.504 vítimas; na maioria, mulheres e crianças. Cerca de 85% da população local — mais de dois milhões de pessoas — permanece desabrigada.
As ações israelenses são crime de guerra e genocídio.
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