Ahron Bregman, oficial reformado do exército israelense, assegurou ao periódico americano The Wall Street Journal que o movimento palestino Hamas não pode ser aniquilado, como insiste o governo em Tel Aviv — “nem agora, nem no futuro”.
Segundo a reportagem, a retirada israelense de milhares de soldados de Gaza, após pressão da Casa Branca, incitou receios entre alguns comandantes e políticos de deixar Israel “vulnerável a outro surto de atividade militar”.
Tais apreensões, segundo os relatos, aumentaram após a retirada da 36ª Divisão de Gaza, nesta semana, que precedeu disparos de foguetes do centro de Gaza, onde o batalhão realizava suas operações.
As movimentações refletem divergências internas, tanto no governo quanto no exército colonial israelense, sobre quais os próximos passos em Gaza.
O premiê Benjamin Netanyahu, ameaçado por processos judiciais e pela eventual implosão do governo, insiste em seguir com a agressão a Gaza, enquanto opositores integrados ao gabinete de guerra, como Benny Gantz, pedem uma mudança de foco à libertação dos reféns.
Atualmente, três equipes operam em Gaza: nas áreas norte, centro e sul.
Segundo Daniel Hagari, porta-voz militar, a maior presença de tropas é na cidade de Khan Yunis, no sul do enclave sitiado — para onde Israel ordenou que moradores do norte fugissem durante a ofensiva.
Giora Eiland, general reformado de Israel, se somou ao debate: “Mudanças de táticas permitirão que mais civis, e os militantes junto deles, retornem ao norte de Gaza. Pagamos um duro preço por algo que não vai ter qualquer sentido a curto prazo”.
Bregman, hoje professor de ciências políticas no King’s College de Londres, reiterou: “Sem uma vitória completa contra o Hamas, Israel terá de se contentar com objetivos menos ambiciosos … Mesmo que jamais admita, o objetivo de derrubar o Hamas não pode ser alcançado, nem agora, nem no futuro”.
Israel mantém ataques por ar e terra contra a Faixa de Gaza há três meses, após uma operação transfronteiriça do Hamas que capturou colonos e soldados. Israelenses acusam seu governo de negligenciar os reféns, à medida que recusa uma troca de prisioneiros e mantém bombardeios indiscriminados.
Em Gaza, são mais de 25 mil mortos, 60 mil feridos e dois milhões de desabrigados — a maioria das vítimas são mulheres e crianças.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.
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