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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Deslocados novamente, palestinos de Gaza fogem sob os disparos

Palestinos tentam resgatar pertences dos escombros após bombardeios israelenses à região de Zawaida, em Deir al-Balah, na Faixa de Gaza, em 20 de janeiro de 2024 [Ashraf Amra/Agência Anadolu]

Mariam Abu Haleeb e sua família foram forçadas a fugir novamente de onde se abrigavam, pela sétima vez em pouco mais de três meses, segundo reportagem da agência Reuters.

Ela e outros palestinos de Gaza, com seus veículos e carroças carregados de pertences, tiveram de escapar do que descreveram como uma noite de horror na Universidade de Al-Aqsa, a oeste de Khan Yunis, onde buscaram refúgio pela última vez.

Nenhum deles sabia para onde ir agora.

“O que mais me machuca é que minha mãe, já idosa, está sob cerco”, lamentou Mariam. “Meus irmãos, meus sobrinhos estão sob cerco. Todo mundo, todo mundo. Toda Khan Yunis precisa de ajuda urgente”.

Aos prantos, acrescentou:

Esta é a sétima vez que fomos deslocados, talvez até mais. Tortura, tortura, tortura.

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Segundo Mohammad Abu Haleeb, as pessoas montaram suas tendas no campus após forças da ocupação israelense ordenarem que deixassem a porção sul da Cidade de Gaza, sob o pretexto de caçar lideranças do Hamas.

À noite, começaram os disparos, bombas e mísseis de todas as direções. Eu não conseguia me mover, com as nove crianças nos braços. Havia um prédio em que entramos e ficamos ali até de manhã. Ninguém conseguiu sair.

“Havia mortos e feridos que ninguém conseguiu alcançar”, acrescentou Mohammad.

Israel alega tentar proteger os civis e atacar meramente alvos do Hamas, apesar de evidências contrárias e declarações de líderes israelenses sobre ataques indiscriminados cujo propósito é exterminar ou expulsar a população de Gaza.

No fim, Mohammad conseguiu escapar pela porta dos fundos da universidade e seguiu caminho a Rafah, no extremo sul do território costeiro, onde quase um milhão de pessoas já tentavam se abrigar, de uma população original de 300 mil habitantes.

“Eu não sei para onde ver, dá para ver”, reafirmou Mohammed, ao lado de seu carro à beira da estrada.

Ahmad Abu-Shaweesh, ainda um menino, ajuda sua família com seus pertences, ao colocá-los no chão.

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“Quase não conseguimos sair da universidade, debaixo das bombas. Ninguém esperava que os tanques viessem à universidade. Quase não conseguimos sair”, relatou Ahmad.

Manal Abu-Jamea estava abrigado no Hospital Nasser de Khan Yunis, quando recebeu a notícia de que o local não era mais seguro. Contudo, descobriu que o campus próximo tampouco tinha segurança.

“Fugimos sob os bombardeios e as balas que voavam em nossa direção. Peguei minhas crianças e fugi”, recordou Manal.

Nahed Abu-Jamea ficou na estrada por pelo menos quatro horas, praticamente à deriva: “Não existe lugar seguro. Por favor, nos deixe viver”.

Israel mantém bombardeios a Gaza desde 7 de outubro, deixando ao menos 25 mil mortos, 60 mil feridos e dois milhões de desabrigados. A maioria das vítimas são mulheres e crianças. Cerca de 60% da infraestrutura civil foi destruída.

As ações israelenses são crime de guerra e genocídio.

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