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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

56% das crianças que fogem à Europa sentem perigo de vida, revela relatório

Refugiados esperam na zona neutra entre Grécia e Turquia, em 29 de fevereiro de 2020 [Cihan Demirci/Agência Anadolu]

Mais da metade das crianças que tentam migrar à Europa reportam apreensões graves durante longas jornadas nas mãos de contrabandistas, policiais e forças de fronteira, reiterou a ong Save the Children, em um novo relatório que consultou 500 crianças de 16 países, hoje radicadas na Europa.

O documento, intitulado “Hope and Harm” — em tradução livre, “Esperança e Sofrimento” —, revelou que cerca de 56% das crianças que deixaram países da Ásia, África e Oriente Médio, por condições de guerra ou miséria, vivenciaram sentimentos de perigo durante a jornada.

Três entre quatro crianças atribuíram o risco a encontros com a polícia; uma em duas a soldados de fronteira; seis a cada dez a criminosos responsáveis por tráfico humano.

Em contrapartida, somente 18% das crianças refugiadas da Ucrânia ecoaram o sentimento, sem nenhuma menção a policiais ou contrabandistas, apesar de frequentemente enfrentarem assédio e perderem os pais nos países anfitriões.

Crianças de países como Afeganistão e Síria denunciam agressão física e ameaça por guardas de fronteira, além de ter de dormir em bosques e montanhas.

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Um dos entrevistados relatou: “A polícia da Grécia me bateu forte no braço. Então tirou minhas roupas e me mandou para a Turquia”.

Omar (nome fictício), de 18 anos, da Síria, teve uma experiência similar quando viajou à Europa, ainda com nove anos de idade, para fugir da guerra civil que destruiu seu país.

“A rota era extremamente perigosa, mas sabíamos que, caso ficássemos, estaríamos mortos. De qualquer jeito, estaríamos mortos”, recordou Omar. “Do Líbano à Turquia, foi tudo legal. Fomos de avião. Da Turquia até a Grécia foi perigoso. Tentamos três vezes. Pessoas foram sequestradas ou espancadas pela polícia”.

Omar e seus irmãos eventualmente chegaram ao litoral grego em um bote inflável superlotado, que naufragou a 20 metros da praia. “Eu era pequeno, não sabia nadar, era muito fundo. Graças a Deus ninguém morreu”.

Omar eventualmente chegou na Suécia, onde é agora cidadão. “Não foi uma viagem normal. Eu quero dizer aos políticos que é preciso facilitar a jornada. Ninguém escolheria morrer [em rota à Europa] se não fosse perigoso em seu país natal”.

Apesar dos maus tratos enfrentados no caminho, muitos refugiados confirmaram se sentir mais seguros nos países anfitriões do que em casa. Um dos entrevistados declarou: “Não há bombas, não há foguetes”.

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“Crianças refugiadas põem tudo em jogo por uma vida mais segura na Europa — uma vida sem guerra ou violência — apenas para sofrer novos perigos em sua soleira”, apontou Tory Clawson, diretora de Migração e Deslocamento da ong Save The Children.

“Muitas crianças, incluindo aquelas que participaram de nossa pesquisa, tiveram seus direitos básicos negados, sofreram violência, discriminação e condições desumanas nas fronteiras, além de serviços inadequados”, acrescentou. “Este é um escândalo que precisa acabar”.

“Crianças que migram são, primeiro de tudo, crianças, e devem ser tratadas com dignidade e ter acesso a seus direitos fundamentais, incluindo proteção, educação e assistência física e mental. O acolhimento dado aos refugiados da Ucrânia demonstra: outro caminho é possível”.

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