Sisi acusa Israel de impedir acesso humanitário a Gaza

O presidente do Egito, Abdel Fattah el-Sisi, acusou Israel nesta quarta-feira (24) de impedir o acesso humanitário à Faixa de Gaza como tática de pressão, ao expor o mais recente sinal de atrito entre os países vizinhos, que colaboram no cerco ao enclave palestino há 17 anos.

As informações são da agência de notícias Reuters.

“Trata-se de um meio de pressão contra Gaza e seu povo, devido ao conflito e pela soltura dos reféns”, afirmou Sisi durante evento do Dia da Polícia no país norte-africano.

Israel nega reter ajuda, muito embora uma parcela ínfima do socorro humanitário chegue à população carente. Nesta semana, o correspondente do MEMO em Gaza, Motasem Dalloul, testemunhou um incidente no qual soldados permitiram acesso de alguns caminhões a uma área sitiada, para então abrir fogo contra os palestinos.

Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, deixando mais de 25 mil mortos, 60 mil feridos e dois milhões de desabrigados. Cerca de 70% das vítimas são mulheres e crianças. A ofensiva causou uma crise humanitária sem precedentes, somada a um cerco absoluto, sem comida, água, eletricidade ou medicamentos.

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Ao promover sua campanha, o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, descreveu os 2.4 milhões de palestinos de Gaza como “animais humanos”.

Mais de 1.2 milhões de pessoas estão aglomeradas no sul de Gaza, sobretudo em Rafah, na fronteira com o Egito, cuja população antes da guerra mal superava 300 mil pessoas.

Egito e Catar buscam mediar um novo acordo para troca de prisioneiros entre o governo de Israel e o movimento Hamas. O grupo palestino condiciona as negociações a um cessar-fogo abrangente; no entanto, sem o aval israelense.

Também na quarta-feira, Sisi insistiu que os esforços se intensificaram.

Remessas limitadas de assistência humanitária entram em Gaza pela travessia de Rafah.

Em dezembro, a travessia de Karm Abu Salem, entre o enclave mediterrâneo e o território designado Israel, também foi aberta; contudo, com restrições ainda mais severas.

“Costumávamos enviar 600 caminhões por dia a Gaza. Porém, nos últimos dois ou três dias, não entregamos mais do que 200 ou 220 caminhões”, afirmou Sisi. “Como é que as pessoas [de Gaza] vão viver?”

Segundo o presidente e general, a travessia de Rafah permanece aberta “24 horas por dia”; entretanto, sob restrições arbitrárias por parte de Israel.

Segurança de fronteira

Israel alega apenas inspecionar a assistência a Gaza por “razões de segurança”, mas dados da Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA) mostram que menos de 200 caminhões humanitários entram em Gaza a cada dia.

Israel e Egito normalizaram relações há mais de 40 anos e aprofundaram trocas de energia e segurança desde a ascensão de Sisi ao poder, via golpe militar. Ambos mantêm um bloqueio a Gaza desde 2007, após o Hamas vencer as eleições palestinas.

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Nesta semana, o governo egípcio emitiu uma extensa resposta a declarações israelenses que sugeriam que a fronteira com Gaza não seria segura.

“São alegações falsas que não servem a quaisquer termos do tratado de paz respeitado pelo Egito e que o lado israelense também deve cumprir”, advertiu em nota Diaa Rashwan, chefe do Serviço de Informações do Estado do Egito.

Rashwan chegou a afirmar que eventuais armamentos contrabandeados a Gaza entram no enclave via Israel, Cisjordânia e Mar Mediterrâneo.

O governo israelense insiste em expulsar os palestinos de Gaza à península do Sinai, medida duramente rechaçada pelo Cairo.

As ações israelenses são crime de guerra e genocídio.

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