Três membros das Forças Armadas dos Estados Unidos foram mortos e outros 34 foram feridos por um ataque a drone no nordeste da Jordânia, perto da fronteira com a Síria, alegou em nota Joe Biden, presidente americano, com base em informações do Pentágono.
“Ainda estamos reunindo os fatos, mas sabemos que este ataque foi executado por extremistas apoiados pelo Irã, que operam na Síria e no Iraque”, afirmou Biden neste domingo (28), sem dar detalhes.
O presidente democrata reforçou seu tom beligerante, ao reiterar que seu governo “levará todos os responsáveis a pagar, no momento e na forma de nossa escolha”.
O Movimento de Resistência Islâmica do Iraque, coalizão ligada a Teerã, reivindicou ações a três bases militares, incluindo uma na fronteira sírio-jordaniana.
A Jordânia descreveu o incidente como “ataque terrorista”, cometido contra um posto avançado militar em seu território e reafirmou cooperar com Washington para garantir a segurança de sua fronteira.
A nota de repúdio, contudo, contradisse a primeira informação dada pelo porta-voz do governo, Muhannad Mubaidin, de que o incidente ocorrera fora de suas fronteiras.
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Trata-se dos primeiros óbitos confirmados dentre tropas americanas no Oriente Médio desde a deflagração do genocídio israelense a Gaza em 7 de outubro.
O ataque soma-se às tensões na região, à medida que Israel insiste em seus bombardeios contra a Faixa de Gaza, deixando 26.400 mortos e mais de 64.400 feridos — na vasta maioria, mulheres e crianças. Dois milhões de pessoas estão desabrigadas.
“Guerra regional”
Há receios cada vez mais incisivos de uma conflagração regional, após forças houthis do Iêmen e a resistência iraquiana anunciarem embargos a embarcações israelenses nos mares Vermelho e Mediterrâneo, respectivamente.
O bloqueio iemenita, em solidariedade a Gaza, já dura meses, forçando corporações a adotar a rota muito mais extensa e onerosa do Cabo da Boa Esperança. Em retaliação, Estados Unidos e Grã-Bretanha bombardearam a capital Sanaa.
A crise se soma a uma troca de disparos entre Israel e Hezbollah na fronteira libanesa.
Nas últimas semanas, grupos locais intensificaram ataques a bases militares dos Estados Unidos no Iraque e na Síria, em resposta à cumplicidade americana ao genocídio israelense em Gaza e sua persistente ocupação de territórios no Oriente Médio.
Desde então, o Pentágono lançou ataques a três países distintos: Iraque, Síria e Iêmen.
Segundo Resul Serdar, repórter da Al Jazeera em Teerã, houve mais de cem ataques a bases dos Estados Unidos no Oriente Médio desde o início da ofensiva a Gaza.
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“A posição iraniana até então é bastante clara”, acrescentou Serdar. “Dizem que esses ataques não são conduzidos ou planejados por Teerã, mas confirmam que têm aliados em toda a região. Contudo, esses aliados tomam decisões que lhes são próprias”.
“O Irã não quer uma escalada regional”, explicou Serdar. “Oficiais iranianos entendem que uma confrontação direta com Israel também significa uma guerra com os Estados Unidos, que pode ser mortal à República Islâmica”.
Colin Clarke, pesquisador do Grupo Soufan, think tank de segurança e política externa, contudo, disse à Al Jazeera que os ataques mostram que já há uma “guerra regional”.
“Não há como negar isso. Soldados americanos foram mortos e os Estados Unidos responderão com força, seja propriamente no Irã ou contra grupos aliados nos diversos países onde operam”, comentou Clarke. “O Irã pode escolher se distanciar como quiser, mas financia, treina e equipa esses grupos … Biden estará sob imensa pressão para mostrar que não cruzará os braços diante dessa situação”.
A gestão democrata de Biden sofre crise interna: agentes pró-guerra buscam incitá-lo a escalar o conflito, enquanto eleitores progressistas interrompem seus comícios com palavras de ordem pró-Palestina. Biden, todavia, mantém seu apoio “incondicional” a Israel.
“A questão agora”, concluiu Clarke, “é como será sua resposta”.