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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Entidade pró-Palestina processa Biden por cumplicidade ao genocídio

Protesto pró-Palestina em Washington DC, em 13 de janeiro de 2024 [Probal Rashid/LightRocket via Getty Images]

O governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, foi levado ao banco dos réus na última sexta-feira (26), quando grupos de direitos humanos levantaram uma acusação formal sobre sua cumplicidade no genocídio perpetrado por Israel na Faixa de Gaza.

A ong Defesa da Infância Internacional – Palestina (DCIP) acusou Biden e seus ministros Antony Blinken (Estado) e Lloyd Austin (Defesa) de serem cúmplices dos massacres em Gaza, nos quais mais de 27 mil pessoas morreram, em maioria, mulheres e crianças.

Os querelantes exigem que a justiça federal determine que a Casa Branca falhou em impedir o genocídio, de modo a apoiá-lo e incitá-lo. Em último caso, o processo pede o fim da assistência militar e diplomática de Washington à agressão israelense em Gaza.

A audiência durou mais de quatro horas, realizada em Oakland, na Califórnia.

Os testemunhos contaram com um médico de Gaza, quatro palestino-americanos que perderam parentes, um oficial da ong e um especialista no Holocausto.

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Os palestinos destacaram como suas vidas mudaram desde 7 de outubro, quando Israel lançou seus bombardeios a Gaza.

“Passamos por múltiplos deslocamentos”, comentou o dr. Omar al-Najjar, via videoconferência, de Gaza. “Este é o quarto deslocamento para mim e minha família”.

Segundo o médico, é impossível manter “contato direto” com seus familiares, à medida que ele trabalha “24 horas por dia” nos hospitais locais, lotados com refugiados e feridos, sob o violento cerco de Israel.

Declarou o depoente à corte:

Não me restou nada senão meu luto, meu corpo morto que anda. É isso que Israel fez, com os seus apoiadores.

Ahmed Abofoul, ex-morador de Gaza, decidiu estudar direito após “sobreviver a três guerra”. À corte, lamentou:

“A Gaza que nós conhecíamos já não existe mais. Tudo que nós conhecíamos já não existe mais”.

Abofoul reportou a morte de mais de 60 familiares devido aos bombardeios; cinquenta em um único ataque. “A cada telefonema, não somos mais os mesmos, perdemos algo mais”.

Questionada como os eventos em campo na Faixa de Gaza afetaram seu dia a dia na América, a querelante Laila el-Haddad observou: “Isso consome todo aspecto da minha vida. Vivemos um pesadelo, literal e figurativamente”.

“Meu dinheiro é cúmplice”, acrescentou, em referência aos recursos do contribuinte americano direcionados a Israel.

“Como palestina e muçulmana, sou invisibilizada, ignorada, discriminada e desumanizada pelo que está acontecendo”.

“Vemos um genocídio em curso, não tenho dúvida disso”, reafirmou Wael Elbahassi, coautor da denúncia. Elbahassi enalteceu os ativistas que tomaram as ruas, assinaram petições, levaram a matéria a seus conselhos regionais, mas lamentou que “nada mudou”.

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Estamos aqui para lhes fazer um apelo, para implorar a vocês que instruam o governo a cumprir a lei … a parar tudo isso.

“A intenção israelense é clara desde o princípio: cometer genocídio”, constatou Khaled Quzmar, diretor-geral da DCIP.

“Desde o primeiro dia, o ministro da Defesa [Yoav Gallant] foi claríssimo: sem comida, sem água, sem combustível; uma guerra aberta contra o povo de Gaza, como ele descreveu, ‘animais humanos’”.

“O resultado é o número de mortos”, acrescentou. “Nunca vi aceitarmos que uma criança morra a cada cinco minutos em nenhum lugar do mundo, mas é isso que acontece em Gaza”.

                                 Em Gaza, todo mundo espera morrer a qualquer minuto.

A defensoria argumentou que a justiça não tem jurisdição no caso, referente à política adotada pelo poder executivo. O juiz Jeffrey White, porém, reiterou que a Suprema Corte foi responsável por revogar o decreto do ex-presidente Donald Trump sobre a proibição de entrada de cidadãos de países islâmicos, de modo que as cortes podem, sim, aplicar a lei sobre matérias de governo.

O dr. Barry Trachtenberg, pesquisador do Holocausto, corroborou um artigo de sua autoria, de novembro, no qual advertiu que os eventos em Gaza levariam a genocídio.

Em seus comentários finais, a advogada de acusação Pam Spees, reiterou: “A denúncia demanda apenas que se mostre que há questões graves referentes aos méritos, sendo estes: o genocídio que transcorre e o dever dos Estados Unidos de impedi-lo, ao passo que não somente o permite como, de fato, o viabiliza”.

Ao encerrar a audiência, o juiz White descreveu o caso como “um dos mais difíceis, em termos legais”. Para White, “os testemunhos que ouvimos são agoniantes, horríveis. O governo precisa reavaliar o que está acontecendo aos palestinos, ao povo de Gaza”.

White assegurou aos depoentes: “Vocês são vistos, foram ouvidos. Vou ponderar sobre os seus relatos, devo considerar a lei”.

Não há prazo para um veredito.

Fora da corte, ativistas protestaram e pintaram as ruas por um cessar-fogo.

Biden sofre recordes de rejeição e crise interna, à véspera de uma dura campanha eleitoral que deve colocá-lo novamente contra Trump. Eleitores progressistas — cruciais à vitória democrata em 2020 — citam seu apoio às ações de Israel como razão para se abster do voto.

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Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, deixando 26.422 palestinos mortos e 65.087 feridos — em maioria, mulheres e crianças. Cerca de 85% da população de Gaza — ou dois milhões de pessoas — foram deslocadas pela ofensiva, sob destruição de 60% da infraestrutura civil, segundo as Nações Unidas.

Hospitais, escolas, abrigos, mesquitas, igrejas e rotas de fuga não foram poupados.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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Palestina: quatro mil anos de história
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