A sociedade em Israel continua dividida sobre um eventual acordo de troca de prisioneiros com os grupos da resistência palestina, com metade da população contrária a qualquer negociação.
Uma nova pesquisa tratou da possibilidade de uma troca dos prisioneiros de guerra detidos em Gaza pelos presos políticos nas cadeias de Israel, junto a um período de 45 dias de cessar-fogo. Contudo, corroborou a radicalização na sociedade israelense.
Divulgada pelo Canal 12 nesta quarta-feira (31), a pesquisa revelou que 50% dos israelenses se opõem ao acordo, enquanto 35% são favoráveis e 15% se mostram indecisos.
Dentre os eleitores do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e seus parceiros de coalizão, 12% aprovam o acordo e 75% o rechaçam. Na oposição, são 53% favoráveis.
Índices mais alarmantes se referem à ajuda humanitária a Gaza: 72% dos 503 entrevistados são contrários, ao insistir “que toda assistência tem de ser interrompida até libertar os prisioneiros”. Apenas 21% crêem no direito a acesso humanitário.
Na hipótese de novas eleições, o Partido de União Nacional, liderado por Benny Gantz, venceria 37 das 120 vagas, contra 12 deputados empossados hoje.
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O partido Likud, de Netanyahu, teria queda de 32 a 18 deputados.
Partidos oposicionistas somariam 73 assentos contra 47 vagas do atual governo. A coalizão de Netanyahu — que reúne supremacistas e fundamentalistas coloniais — possui hoje 64 assentos. Para eleger um premiê é preciso 61 assentos.
Todavia, uma mudança de governo não incorreria em mudança de postura sobre os palestinos, à medida que Gantz — ex-chefe do exército, célebre por prometer levar Gaza à “Idade da Pedra” — está integrado como ministro ao atual gabinete de guerra.
Apesar da radicalização em Israel, e do sentimento generalizado de desumanização para com os palestinos, o Estado colonial vive crise interna, com apelos recentes para antecipar as eleições. Netanyahu rejeita os chamados, ao negar a votação em “tempos de guerra”.
Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, deixando 26 mil mortos e 65 mil feridos até então — em maioria, mulheres e crianças —, além de dois milhões de desabrigados.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.