África do Sul insta países a cortar apoio financeiro ao exército de Israel

Todos os Estados têm obrigação de cortar o financiamento e os incentivos às ações militares de Israel em Gaza, após o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) confirmar que tais esforços podem equivaler a genocídio, declarou Naledi Pandor, ministra de Relações Exteriores da África do Sul, nesta quarta-feira (31).

Na última sexta-feira (26), a corte sediada em Haia ordenou Israel a assumir todas as medidas a seu alcance para impedir incitação e atos de genocídio e melhorar as condições humanitárias na Faixa de Gaza sitiada, ao acatar um requerimento neste sentido da África do Sul.

Apesar de não ordenar um cessar-fogo imediato, a corte confirmou seguir com as investigações, em um processo histórico que deve levar anos.

A África do Sul é considerada há décadas aliada da causa palestina, ao comparar a situação nos territórios ocupados com o regime de apartheid, denúncia ecoada organizações proeminentes, como Human Rights Watch, Anistia Internacional e a ong israelense B’Tselem.

“Consideramos que a avaliação [de Haia] mostra plausibilidade de que um genocídio incide aos palestinos de Gaza”, reiterou Pandor a jornalistas. “Isso necessariamente impõe uma obrigação a todos os Estados que cessem o financiamento e o apoio ao exército israelense”.

O presidente sul-africano Cyril Ramaphosa celebrou a decisão de Haia como um passo adiante para a justiça e reiterou a necessidade de Israel respeitar as orientações.

LEIA: Presidente da África do Sul: “Os crimes de Israel são claros, não vamos recuar diante da verdade

Todavia, no mesmo dia do veredito, o Estado israelense difundiu acusações contra 12 oficiais da Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), entre 30 mil funcionários, ao acusá-los de participar dos ataques do Hamas de 7 de outubro.

Israel não deu detalhes, tampouco compartilhou provas a suas acusações.

Ainda assim, Estados Unidos e outros países cortaram o envio de recursos à agência das Nações Unidas, que presta serviços críticos aos palestinos carentes.

Os ataques israelenses a Gaza deixaram 26 mil mortos e 65 mil feridos até então — em maioria, mulheres e crianças —, além de dois milhões de desabrigados.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

 

Sair da versão mobile