Uma corte paquistanesa condenou nesta semana o ex-primeiro-ministro Imran Khan a dez anos de prisão sob acusações de vazar documentos secretos, após um conturbado processo que seus apoiadores denunciam como perseguição política.
Khan foi sentenciado pelo desaparecimento de um telegrama diplomático, o qual insiste provar que o exército paquistanês conspirou com Washington para destituí-lo, em 2022.
Khan nega ter removido o documento do Ministério de Relações Exteriores, ao argumentar que seu conteúdo foi divulgado à imprensa por outras fontes.
Shah Mahmood Qureshi – ex-chanceler de Khan e figura de liderança no partido Tehreek-e-Insaf (PTI) — também foi condenado a dez anos de prisão, sob a mesma acusação.
Os advogados de Khan denunciam o processo como inconstitucional, à medida que foi realizado em uma penitenciária de Rawalpindi, onde o ex-premiê está detido, em vez de um tribunal.
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Tanto promotoria quanto defesa foram nomeados pelo governo. Os juízes também proibiram os advogados de interrogar testemunhas e negaram requerimentos para que lideranças do exército testemunhassem no caso.
Desde sua deposição, há dois anos, Khan passou a criticar as Forças Armadas, que reagiram com dezenas de processos. A pena de dez anos é a mais dura imposta desde então. Espera-se outras sentenças nos próximos meses.
O caso contra o ex-premiê e Qureshi é visto por muitos como tentativa de encerrar sua carreira política. Qureshi, em particular, era candidato às próximas eleições nacionais, em 8 de fevereiro; agora, está cassado.
Segundo a imprensa local, Syed Zulfiqar Bukhari, ex-assessor de Khan, afirmou: “É óbvio que se trata de um veredito pré-determinado. A defesa sequer teve chance de falar. Tamanha pressa se deve às eleições que se aproximam. As audiências não foram feitas de acordo com a lei e vamos contestá-las na Suprema Corte”.
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