O chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou, na quarta-feira, que a suspensão do financiamento da agência da ONU para refugiados palestinos terá “consequências catastróficas” para as pessoas no enclave sitiado de Gaza, informa a Agência Anadolu.
“As decisões de vários países de suspender os fundos para a UNRWA, o maior fornecedor de ajuda humanitária nessa crise, terão consequências catastróficas para o povo de Gaza”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus em uma coletiva de imprensa em Genebra.
“Nenhuma outra entidade tem a capacidade de fornecer a escala e a amplitude da assistência de que 2,2 milhões de pessoas em Gaza precisam urgentemente”, enfatizou Tedros, e acrescentou: “Apelamos para que esses anúncios sejam reconsiderados”.
Ele reiterou seu pedido de acesso seguro para o pessoal e suprimentos humanitários, bem como a libertação de todos os reféns e a proteção da assistência médica.
“E continuamos a pedir um cessar-fogo”, acrescentou Tedros.
Observando que mais de 100.000 habitantes de Gaza estão mortos, feridos ou desaparecidos e supostamente mortos desde quarta-feira, ele disse que os relatos sobre a escassez de alimentos para a equipe médica e os pacientes estão aumentando.
“O risco de fome é alto e aumenta a cada dia com as hostilidades persistentes e o acesso humanitário restrito”, disse ele.
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Pelo menos 12 países – Alemanha, Suíça, Itália, Canadá, Finlândia, Austrália, Reino Unido, Holanda, EUA, França, Áustria e Japão – suspenderam o financiamento da UNRWA depois que Tel Aviv alegou que alguns dos funcionários da agência estavam envolvidos no ataque transfronteiriço a Israel em 7 de outubro.
Israel tem repetidamente equiparado os funcionários da UNRWA a membros do Hamas em seus esforços para desacreditá-los, sem fornecer nenhuma prova das alegações, ao mesmo tempo em que faz um forte lobby para que a UNRWA seja fechada, pois é a única agência da ONU que tem um mandato específico para cuidar das necessidades básicas dos refugiados palestinos. Se a agência não existir mais, argumenta Israel, então a questão dos refugiados não deve mais existir, e o direito legítimo dos refugiados palestinos de retornar à sua terra será desnecessário. Israel tem negado esse direito de retorno desde o final da década de 1940, embora sua própria filiação à ONU tenha sido condicionada à permissão de retorno dos refugiados palestinos a seus lares e terras.
A UNRWA disse que rescindiu contratos com vários funcionários após as alegações israelenses e iniciou uma investigação interna.
Israel lançou uma ofensiva mortal na Faixa de Gaza em 7 de outubro, matando pelo menos 26.750 palestinos e ferindo mais de 65.600. Acredita-se que cerca de 1.200 israelenses tenham sido mortos no ataque do Hamas.
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Entretanto, desde então, foi revelado pelo Haaretz que os helicópteros e tanques do exército israelense haviam, de fato, matado muitos dos 1.139 soldados e civis que Israel alegou terem sido mortos pela resistência palestina.
A ofensiva israelense deixou 85% da população de Gaza deslocada internamente em meio à escassez aguda de alimentos, água potável e medicamentos, enquanto 60% da infraestrutura do enclave foi danificada ou destruída, de acordo com a ONU.