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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Ministros israelenses participam de evento para reassentamento em Gaza

Placa em frente ao assentamento israelense de Maale Adumim, na Cisjordânia ocupada, perto de Jerusalém, em 16 de agosto de 2023 [Ahmad Gharabli/AFP via Getty Images]

Diversos membros do governo israelense se juntaram a uma conferência de extrema-direita que apresentou propostas para o reassentamento ilegal na Faixa de Gaza e para a expansão colonial na Cisjordânia ocupada.

As informações são da agência de notícias Reuters.

O evento, intitulado “Assentamento traz segurança e vitória”, organizado pelo grupo Nahala, foi realizado em Jerusalém ocupada na noite de domingo (28), a despeito da pressão internacional para que Israel cesse o genocídio em Gaza e respeite os direitos por autodeterminação do povo palestino.

Israel retirou suas forças e colonos de Gaza em 2005, após 38 anos de ocupação. Pouco depois, impôs um cerco militar por mar, ar e terra que converteu o território costeiro em um campo de concentração a céu aberto.

Diante da ofensiva israelense, partes interessadas — incluindo aliados externos, como Estados Unidos, e regimes regionais, como Egito, Jordânia e Arábia Saudita — mantêm debates sobre o que fazer após a guerra, em particular, no que diz respeito à administração de Gaza, governada atualmente pelo grupo Hamas.

Estados árabes buscam revitalizar a liderança política da Autoridade Palestina, considerada mais inclinada a seus interesses.

LEIA: Usina de ideias israelense apresenta um plano para a limpeza étnica completa de Gaza

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, emite sinais divergentes, ora ao afirmar que não pretende manter uma presença permanente em Gaza, ora ao prometer a eleitores que seu governo deterá pleno controle de segurança por um período indeterminado.

Netanyahu, no entanto, nega a chamada solução de dois Estados e chegou a promover — ainda em setembro, diante da Assembleia Geral das Nações Unidas — o mapa da “Grande Israel”, que sugere a anexação do território palestino “do rio ao mar”, além de regiões de fronteira pertencentes a Síria, Jordânia e Líbano.

Estados Unidos e União Europeia insistem em dois Estados; contudo, sem aval de Tel Aviv.

‘Sem reassentamento, sem segurança’

Conforme a televisão local, doze ministros do partido Likud, liderado por Netanyahu, estiveram presentes na conferência.

No evento, os ministros de ultradireita Itamar Ben-Gvir (Segurança Nacional) e Bezalel Smotrich (Finanças) renovaram apelos pela expulsão dos palestinos de Gaza.

Smotrich rechaçou a decisão de evacuar os assentamentos exclusivamente judaicos no passado. “Sabíamos o que isso traria e tentamos avisar. Sem assentamentos, não há segurança”, afirmou sob aplausos.

Ben-Gvir vangloriou-se de contestar a medida, ao advertir que traria “foguetes sobre Sderot [e] Ashkelon”, em referência aos colonatos no sul do território designado Israel.

ASSISTA: Danny Danon sugere reassentamento de palestinos de Gaza em meio ao massacre 

“Alertamos aos berros. Se não querem outro 7 de outubro, é preciso controlar a terra”, afirmou Moshe Feiglin, ex-deputado israelense, ao público. “Não há outro jeito de vencer a guerra senão reconstruir Gush Katif [assentamento]. Esta é a única forma de vencer essa guerra sangrenta, que Israel não pode se dar ao luxo de perder”.

Alguns políticos criticaram o tom do encontro. Gadi Eisenkot, ex-chefe do exército e membro do atual gabinete de guerra, advertiu para “maiores divisões” em um momento no qual “soldados combatem ombro a ombro em uma guerra sem precedentes”.

O ministro da Educação, Yoav Kisch, disse à rádio militar KAN que a conferência ocorreu em um momento inoportuno. “Não é certo entrarmos agora nessa conversa”, argumentou. “Precisamos concentrar o discurso na unidade das tropas”.

Limpeza étnica

Todos os assentamentos exclusivamente judaicos radicados na Cisjordânia e Jerusalém são ilegais segundo a lei internacional. Grupos de direitos humanos alertam para uma escalada na violência de colonos e soldados nos territórios palestinos.

Conforme analistas e ativistas, a política expansionista de Israel inviabiliza a chamada solução de dois Estados ou qualquer outra solução para a paz.

“Doze ministros participaram do evento, incluindo membros do partido de Netanyahu, além de 15 deputados; portanto, não é uma piada”, relatou a pesquisadora palestino-americana Mariam Barghouti, em entrevista à Al Jazeera.

“Essas são pessoas responsáveis pela política em Israel, que pedem por uma limpeza étnica em Gaza, uma completa limpeza étnica do povo palestino”, acrescentou.

A Autoridade Palestina emitiu uma nota de repúdio sobre a conferência, ao argumentar que esta reflete o viés desestabilizante do regime israelense a toda a região.

LEIA: Como a guerra israelense em Gaza expôs o sionismo como uma seita genocida

“Este encontro colonial em Jerusalém ocorre em flagrante desafio ao Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), acompanhado de incitação pública para deslocar à força o povo palestino”, reiterou a chancelaria em Ramallah, em referência à recente ordem de Haia para que Israel combata a incitação ao genocídio.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde 7 de outubro, deixando 27 mil mortos e 65 mil feridos — na maioria, mulheres e crianças. Cerca de 60% da infraestrutura civil foi destruída, deixando dois milhões de desabrigados.

As ações israelenses são crimes de guerra e lesa-humanidade, incluindo transferência compulsória e limpeza étnica.

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