Asmund Aukrust, deputado trabalhista da Noruega, anunciou nesta quinta-feira (1°) ter indicado a Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA) ao Prêmio Nobel da Paz, como resposta a uma nova campanha de difamação israelense para desmantelar a entidade humanitária.
Na última sexta-feira (26), Israel acusou 12 funcionários da UNRWA — entre um contingente de 30 mil pessoas — de participar dos ataques do Hamas em 7 de outubro; contudo, sem detalhes ou provas.
Não obstante, vários países — encabeçados pelo governo dos Estados Unidos do presidente Joe Biden, incluindo Grã-Bretanha, Alemanha, França, Suécia, Canadá, Japão, Austrália — decidiram cortar doações à agência, que presta serviços essenciais não apenas em Gaza, como Cisjordânia ocupada, Síria, Jordânia e Líbano.
Noruega, Irlanda, Escócia e outros rejeitaram a medida, ao manter as doações.
A campanha israelense contra órgãos internacionais é retaliação a um veredito emitido também na sexta-feira pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), que acatou como “plausível” a queixa sul-africana de que a ocupação comete genocídio em Gaza.
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A corte ordenou Tel Aviv a permitir o acesso humanitário a Gaza, além de produzir um relatório neste sentido a ser encaminhado a Haia dentro de um mês.
Aukrust afirmou ao jornal Dagbladet ter nomeado à UNRWA à premiação por seu “longevo trabalho em fornecer apoio vital à Palestina e à região como um todo”.
O parlamentar eleito, vice-presidente do Comitê de Assuntos Internacionais, reafirmou: “Este trabalho é crucial há mais de 70 anos, mais do que nunca nos últimos três meses”.
Nesta quinta, a agência alertou que pode ter de suspender atividades “até o fim de fevereiro”, caso os países doadores não retomem as remessas.
A nomeação ao Nobel da Paz não equivale a um reconhecimento formal do comitê responsável, que recebe centenas de sugestões todos os anos.
Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, deixando 26.900 mortos e 65.949 feridos — em grande maioria mulheres e crianças. Mais de 85% da população de Gaza — dois milhões de pessoas — foi deslocada à força. Há indícios de fome generalizada.
Escolas, hospitais, abrigos e mesmo rotas de fuga não foram poupados pelos bombardeios.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.