O trabalhador humanitário Mansour Shouman ressurgiu em segurança na Faixa de Gaza.
Em vídeo publicado em sua conta no Instagram, Mansour reportou a seguidores e familiares ter retornado ao Hospital Nassr, de Khan Yunis, após mais de duas semanas sem conseguir contato ou comunicação.
Mansour explicou que ele e sua equipe tentaram sair de Khan Yunis, no sul do território, para “checar o avanço” de seu projeto de habitação provisória, deixando para trás celulares para que a ocupação não conseguisse rastreá-los.
Ao chegar às tendas, no entanto, a equipe foi avistada por drones militares e então alvejada por franco-atiradores, além de sofrer com disparos de tanques e equipamentos aéreos.
“Tivemos de correr para nos proteger e, nas últimas duas semanas, avançamos de casa em casa por todo o oeste de Khan Yunis sob disparos de [jatos combatentes] F-16, helicópteros, franco-atiradores, drones armados com rifles e bombas de C4”, relatou Mansour . “Graças a Deus, após muitas tentativas, conseguimos chegar ao Hospital Nassr”.
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Mansour reiterou que é fundamental manter o apoio a Gaza, sobretudo diante da campanha de difamação de Israel e parceiros ocidentais contra a Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), em retaliação a uma ordem do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) para que Israel permita o acesso humanitário.
“O trabalho humanitário tem de continuar para ajudar a população civil. Vimos a ordem de Haia e vimos também como eles atacaram a UNRWA, que serve aos refugiados de Gaza … Mas nunca deixamos Khan Yunis e jamais pensamos em deixar a cidade”, acrescentou.
“Não se trata somente de Gaza, nem de Jerusalém, é sobre libertar todo o mundo dos males do sionismo”,
explicou o ativista.
Havia apreensão de que Mansour tivesse desaparecido em custódia das tropas israelenses em Gaza, sujeito a tortura e outras violações.
A esposa e os filhos de Mansour estiveram entre os primeiros cidadãos palestino-canadenses a evacuados de Gaza, em novembro. Na ocasião, ele disse a rede BBC que sentia responsabilidade de ficar e documentar os eventos a seu redor.
“Enquanto sofrerem 2.3 milhões de pessoas, creio que é minha obrigação moral e humanitária ficar aqui e contar sua história ao mundo”, afirmou. “Posso falar inglês, vivi no Ocidente”.
Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, deixando 27 mil mortos e 65 mil feridos, na maioria mulheres e crianças, além de dois milhões de desabrigados.
As ações israelenses são crime de guerra e genocídio.