Forças da ocupação israelense intensificaram seus ataques à cidade de Rafah, no extremo sul de Gaza, na fronteira com o Egito. Durante a madrugada, jatos combatentes dispararam contra três casas, matando 24 pessoas e ferindo dezenas, reportou o Ministério da Saúde local.
Rafah abriga atualmente mais da metade dos dois milhões de palestinos expulsos de suas casas em todo o território, designada como “zona segura” pelas forças ocupantes apesar dos avanços recentes à região de fronteira.
Na sexta-feira (2), o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, reportou que seu exército realiza preparativos para avançar a Rafah. No sábado, no entanto, a mídia israelense divulgou supostas promessas ao Egito de que a operação não seria realizada até realocação segura dos refugiados.
Conforme a imprensa, Tel Aviv planeja transferi-los novamente a Khan Yunis ou Deir al-Ballah — destruída pela varredura israelense —, contudo, sem autorizar o retorno ao norte de Gaza.
Analistas alertam que as restrições israelenses à região norte demonstram que Israel pretende utilizar seus moradores como moeda de troca em eventuais negociações.
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A Organização das Nações Unidas (ONU) advertiu que uma invasão de larga escala a Rafah pode resultar em novos crimes de guerra, que devem ser evitados a qualquer custo.
Segundo Jens Laerke — porta-voz do Escritório das Nações Unidas para Assuntos Humanitários (OCHA) — é essencial “deixar claro o que diz a lei humanitária internacional: que bombardear áreas densamente povoadas incorre em risco de crimes de guerra”.
A agência confirmou “aumento nos ataques” na província de Rafah no domingo e segunda-feira, junto a uma fuga descoordenada de milhares de palestinos afetados por enchentes de inverno, além daqueles que chegaram à cidade após os ataques israelenses a Khan Yunis.
O resultado do êxodo é que a população de Rafah cresceu cinco vezes em quatro meses.
“Sejamos claros: intensificar as hostilidades em Rafah pode levar a uma enorme perda de vidas civis e devemos fazer tudo em nosso poder para evitar isso”, prosseguiu Laerke.
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A situação em Gaza é “mais do catastrófica, é um pesadelo”, acrescentou Tommaso Della Longa, membro da Cruz Vermelha Internacional.
Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, deixando 27 mil mortos e 67 mil feridos — sobretudo mulheres e crianças. Estima-se que 60% da infraestrutura civil de Gaza foi destruída, deixando dois milhões de desabrigados.
As ações israelenses são crime de guerra e genocídio.