Um grupo de soldados israelenses de elite, pertencente à chamada Brigada Givati, recusou-se a participar de novas operações militares em Gaza, ao acusar o exército de negligenciar seu bem-estar físico e psicológico, reportou nesta quarta-feira (14) o jornal Haaretz.
Desde o começo da invasão por terra, a Brigada Givati contribui com alguns dos massacres e das batalhas mais árduas no território, contra núcleos orgânicos da resistência palestina. Os soldados de elite, no entanto, sofreram baixas consideráveis, forçados a retirar-se “temporariamente” do campo de batalha.
Durante uma conversa com lideranças militares, os soldados alegaram não ter mais “disposição mental” para retornar a Gaza e expressaram medo de perder a vida.
Conforme a reportagem, o exército não sabe ainda como lidar com a recusa de soldados em voltar a Gaza, à medida que a ocupação avança contra a cidade de Rafah, no extremo sul do enclave, na fronteira com o Egito.
Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, em retaliação a uma ação transfronteiriça do grupo Hamas que capturou colonos e soldados.
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Segundo Israel, ao justificar sua ação desproporcional em Gaza, foram mortas 1.200 pessoas na ocasião. O próprio Haaretz revelou, contudo, que grande parte das fatalidades se deu por “fogo amigo”, sob ordens expressas de comandantes militares para não permitir a tomada de reféns.
Estima-se ainda 569 soldados israelenses mortos desde 7 de outubro, incluindo 232 desde o início da invasão por terra, vinte dias depois.
Ao longo de quatro meses, combatentes da resistência lançaram ações de guerrilha nas ruínas, que surpreenderam o exército ocupante em áreas nas quais anunciou “vitória”.
No total, segundo dados de Israel, ao menos 2.897 soldados foram feridos desde 7 de outubro, incluindo 437 em estado grave, 761 com traumas moderados e 1.699 com ferimentos leves. Em campo, foram feridos, no entanto, 1.352 soldados.
Dados atualizados nesta quarta-feira (14) registram apenas 15 soldados feridos em 24 horas.
Os números confirmam a desproporcionalidade da guerra a Gaza, com 28.663 mortos e 68.395 feridos até então — na maioria mulheres e crianças —, além de dois milhões de desabrigados e cerca de 70% da infraestrutura civil destruída ou danificada.
Nas últimas 24 horas, ao menos 87 palestinos foram mortos e 105 feridos — todos civis, a maior parte em Rafah, que abriga atualmente 1.5 milhão de pessoas.
Um quarto da população de Gaza enfrenta fome endêmica. Ao promover seu cerco absoluto ao enclave costeiro, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, descreveu a população local — 2.4 milhões de habitantes — como “animais humanos”.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.