Dezenas de milhares de pessoas devem tomar as ruas nas maiores cidades do mundo em apoio ao povo palestino da Faixa de Gaza sitiada neste sábado, 17 de fevereiro de 2024, ao reivindicar um cessar-fogo e fim do genocídio perpetrado por Israel no território costeiro.
O chamado para um segundo Dia de Ação Global por Gaza deve mobilizar ao menos cem cidades em 45 países do mundo.
Em São Paulo, após uma série de manifestações orgânicas de solidariedade no carnaval de rua, o protesto ocorre a partir das 11 horas de sábado, com concentração na Praça Estado da Palestina, ao lado da estação de metrô Paraíso.
Em Porto Alegre, o ato começa às 15 horas, na Rotula do Papa, Avenida Azenha, 4498.
Em Fortaleza, também às 15 horas, na Praça da Gentilândia.
Em Recife, será realizada a 4ª Plenária Aberta de Solidariedade ao Povo Palestino, na sede do Sindicato das Trabalhadoras e Trabalhadores do Poder Judiciário Federal em Pernambuco (Sintrajuf-PE), às 14 horas, na Rua do Pombal, 52, Santo Amaro.
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Organizações convocantes incluem: a Frente em Defesa do Povo Palestino — São Paulo, Fórum Latino Palestino, Associação Islâmica de São Paulo (Assisp), Instituto Brasil—Palestina (Ibraspal), Ciranda Internacional de Comunicação Compartilhada, Movimento Mães de Maio, Movimento Brasil Popular, Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), Movimento Negro Unificado (MNU), Frente Povo Sem Medo, Vozes Judaicas por Libertação, Juventude Sanaúd, Samidoun e Centro Cultural e Restaurante Al Janiah.
Destaca-se ainda entidades de base, como: Central Sindical e Popular Conlutas (CSP-Conlutas), Central Única dos Trabalhadores (CUT), União Nacional dos Estudantes (UNE), Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, Sindicato dos Metroviários do Estado de São Paulo, Sindicato dos Químicos de São José dos Campos e Região, Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo (Sintusp), entre outras.
O Monitor do Oriente Médio (MEMO) junta-se ao chamado para as manifestações.
Atos em Londres batem recordes
Ativistas sairão às ruas também em capitais e metrópoles internacionais como Washington, Sydney, Istambul, Seoul, entre muitas outras, em denúncia à escalada israelense em direção a Rafah, no extremo sul de Gaza, na fronteira com o Egito.
Os planos israelenses para uma invasão por terra contra Rafah ameaçam as vidas de 1.5 milhão de refugiados palestinos, na região mais densamente povoada do mundo hoje, sob severa crise humanitária.
Ativistas, analistas e pesquisadores alertam para a ameaça de transferência compulsória da população palestina ao deserto do Sinai — o que configura crime de limpeza étnica.
Em Londres, a marcha deve seguir da entrada do Palácio de Buckingham à embaixada de Israel. Protestos anteriores na capital britânica bateram recordes de comparecimento, com milhões de pessoas nas ruas — muitas delas com bandeiras palestinas e lenços tradicionais (keffiyehs).
O parlamento do Reino Unido deve votar uma moção para um cessar-fogo “imediato” em Gaza na próxima quarta-feira (21), quase cinco meses depois de Israel deflagrar seu genocídio.
Em uma decisão preliminar deferida em 26 de janeiro, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, admitiu “plausibilidade” de que Israel infringe a Convenção de Genocídio em Gaza, conforme denúncia da África do Sul. O veredito pediu desescalada e fluxo humanitário; no entanto, sem o aval israelense.
“Enquanto o mundo testemunha essas atrocidades, a Coalizão Palestina expressa solidariedade ao povo de Rafah e Gaza, ao reivindicar fim imediato da agressão israelense e cessação de todas as hostilidades”, declarou a entidade em nota.
“Condenamos nos termos mais veementes possíveis todas as formas de agressão contra os civis de Gaza e instamos a comunidade internacional a agir decisivamente para responsabilizar Israel por seus crimes de lesa-humanidade”, acrescentou.
Entre as organizações signatárias, estão: a Campanha de Solidariedade Palestina (PSC), o Fórum Palestino na Grã-Bretanha (PFB), Sociedade Muçulmana da Grã-Bretanha (MAB), a Coalizão Stop The War, a ong Friends of Al-Aqsa (FOA) e a Campanha de Desarmamento Nuclear (CND).
Ben Jamal, diretor da PSC, comentou: “A cada nova fase dos ataques genocidas de Israel a Gaza, vemos horrores que jamais imaginamos. As imagens dessa semana do bombardeio israelense a Rafah, crianças com as pernas em pedaços, deveriam estar fixadas na consciência do mundo”.
“Apesar da pressão a cada vez maior de lideranças globais, em claro desprezo à decisão de Haia, o governo israelense deixou claro que está prestes a lançar um ataque a Rafah que levará a uma escala sem precedentes de carnificina”, acrescentou Jamal.
Em nota à imprensa, reiterou o grupo de organizações: “À medida que nos vemos à margem de um crime de proporções históricas, reafirmamos o nosso compromisso aos princípios de direitos humanos, justiça e paz. Juntos, erguemos a voz para pressionar o parlamento britânico a votar por um cessar-fogo nesta quarta-feira. Sim, podemos fazer a diferença e trazer um fim à guerra genocida em Gaza e à opressão que há tanto assola o povo palestino”.
Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, em retaliação a uma ação transfronteiriça do grupo Hamas. Desde então, 85% dos palestinos de Gaza foram expulsos de suas casas sob brutal campanha de bombardeios. Quase 30 mil pessoas morreram e 70 mil ficaram feridas — na maioria, mulheres e crianças.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.
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