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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Senhora palestina refuta propaganda de guerra, denuncia tortura por parte de Israel

Umm Muhammad Musmah, senhora palestina sob tratamento no Hospital Europeu de Gaza na cidade de Khan Yunis, no sul do território [Agência Anadolu]

Umm Muhammad Musmah, senhora palestina de Gaza, refutou categoricamente a propaganda israelense de que soldados a encontraram em janeiro algemada dentro de um edifício, ocasião na qual supostamente foi resgatada e levada a tratamento médico.

A reportagem da agência de notícias Anadolu.

Após um período tenso em custódia israelense Umm Muhammad, chegou ao Hospital Europeu na cidade de Khan Yunis, no sul do território, onde está sob cuidados de saúde. De acordo com seu relato, foram os soldados israelenses que a detiveram, algemaram e agrediram, para então gravá-la sem autorização para fins de propaganda.

Umm Muhammad confirmou ser acorrentada pelos soldados ao relento, sob o inverno de Gaza, sem quase conseguir se alimentar por duas semanas.

“Fui detida junto de muitos cidadãos da área de Ma’na, a leste de Khan Yunis”, relembrou Umm Muhammad. “Os soldados prenderam minhas mãos e me deixaram no frio — estava muito frio. Eu tentei me soltar, mas não consegui”.

“Eles me deixavam sem comida e me batiam”, acrescentou.

Em postagem publicada na rede social X (Twitter), em 26 de janeiro, o exército ocupante anexou um vídeo de uma idosa local levada em uma maca a uma ambulância, sob a escolta de soldados armados. Esta senhora é Umm Muhammad.

Avichey Adraee, porta-voz militar de Israel, alegou na ocasião que um drone localizou a mulher durante os combates, ao supostamente resgatá-la com as mãos atadas e em situação crítica de saúde. A versão de Adraee — carregada de um imaginário racista e colonial — foi desmentida pela própria vítima.

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“Enquanto lhe dávamos assistência médica, a senhora idosa nos disse que toda sua família fugiu ao sul e que sabotadores do Hamas [sic] chegaram a sua casa com roupas militares e a deixaram algemada por dois dias, para dizer que foram nossos soldados que haviam feito aquilo”, afirmou Adraee.

A propaganda de guerra israelense — com cumplicidade de meios de comunicação de massa — provou-se repleta de informações desmentidas nos últimos cinco meses, como o caso do ataque ao Hospital Baptista al-Ahli, em 17 de outubro, no qual 500 palestinos foram mortos. O governo ocupante insistiu, na ocasião, que os disparos partiram da Jihad Islâmica — alegação contestada por peritos que analisaram as imagens da devastação.

As ditas atrocidades de 7 de outubro, supostamente cometidas por militantes palestinos — como bebês degolados, estupros e corpos carbonizados — também foram desmentidas por jornalistas em campo no chamado envelope de Gaza.

Mesmo o número de vítimas do episódio, em torno de 1.200 mortos, enfrenta escrutínio, após uma reportagem investigativa do periódico israelense Haaretz demonstrar que boa parte das fatalidades se deu por “fogo amigo”, sob ordens gravadas de oficiais israelenses para não permitir que os reféns atravessassem a fronteira.

À medida que se acumularam acusações de atos hediondos contra os movimentos palestinos, o exército colonial israelense jamais compartilhou supostas evidências ou detalhes com entidades independentes, a fim de verificá-las. Mesmo testemunhos foram dados por agentes militares — novamente, sem qualquer corroboração à parte.

A propaganda de guerra israelense costuma demonizar os palestinos como “terroristas”, medida comum a esforços coloniais contra movimentos de resistência.

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Grupos por libertação nacional na África do Sul e na Irlanda, entre outros, sofreram as mesmas campanhas de difamação e desumanização, embasadas sobretudo em interesses geopolíticos e vieses ideológicos, no lugar de considerações da ciência política internacional.

Nos meses recentes, palestinos liberados da violenta custódia israelense em Gaza seguiram sua fuga em direção sul, em busca de abrigos e familiares. Os ex-detidos mostram sinais de tortura, corroborados por imagens de assédio compartilhadas pelos próprios soldados de Israel.

Nesta semana, um civil palestino foi enviado por forças ocupantes ao Hospital Nasser, na cidade de Khan Yunis, com as mãos algemadas, instruído a ordenar pacientes, médicos e refugiados a evacuar a área. Ao deixar o hospital, foi morto, porém, por um franco-atirador israelense, junto de outros três palestinos, como forma de aterrorizar os presentes.

Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, em retaliação a uma ação transfronteiriça do grupo Hamas que capturou colonos e soldados.

Desde então, 85% dos habitantes de Gaza — isto é, dois milhões de pessoas — foram expulsos de suas casas sob uma brutal campanha de bombardeios. Quase 30 mil pessoas morreram e 70 mil ficaram feridas — na maioria, mulheres e crianças.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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