O Papa Francisco dedicou suas orações deste domingo (18) a Palestina e Ucrânia, contudo, sem citar Israel, frequentemente incluso em seus sermões, à medida que o Estado ocupante subiu o tom contra o Vaticano e outros países da comunidade internacional, deflagrando uma cadeia de cisões diplomáticas em todo o mundo.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
O papa incluiu ainda Sudão e Moçambique em suas preces e pediu aos fiéis que não esqueçam dos conflitos que assolam a África e outras partes do mundo.
“Na Europa, na Palestina ou na Ucrânia … não nos esqueçamos que a guerra é sempre uma derrota”, acrescentou o líder da Igreja Católica.
Na quarta-feira (14), Israel reagiu agressivamente a uma declaração do secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, na qual advertiu contra o grande número de fatalidades civis na campanha em Gaza, ao enfatizar reivindicações populares por um cessar-fogo.
LEIA: Após denúncia de ‘holocausto’ em Gaza, Israel declara Lula ‘persona non grata’
“Há um argumento de que Israel tem o direito de se defender desde que proporcionalmente, o que, torna-se claro, não é o caso quando 30 mil pessoas são assassinadas”, destacou Parolin, ao expressar a indignação do público sobre os “massacres” realizados em Gaza.
No dia seguinte, a embaixada israelense na cidade-Estado emitiu uma nota atacando as falas do chanceler vaticano como “vergonhosas”, termo que se repetiu nas ofensas a Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil, neste domingo (18), após este denunciar o genocídio palestino como análogo aos crimes do Holocausto.
Sob profundo revés de relações públicas, contudo, a embaixada israelense divulgou outra nota na quinta-feira (15) dizendo que pretendia usar o termo “infeliz” em vez de “vergonhoso”, e que ocorrera um erro de tradução do inglês ao italiano. Ainda assim, se negou a qualquer retratação diante da Santa Sé.
Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, deixando 29.092 mortos e 69.028 feridos — na maioria, mulheres e crianças.
Em torno de 70% da infraestrutura civil de Gaza foi destruída pela varredura norte-sul realizada pelas forças ocupantes. Hospitais, escolas, abrigos e mesmo rotas de fuga não foram poupadas. Dois milhões de pessoas foram desabrigadas.
Na última semana, os ataques israelenses avançaram à cidade fronteiriça de Rafah, que abriga 1.5 milhão de refugiados, incitando receios de um êxodo em massa ao deserto do Sinai.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.