A Comissão Palestina de Assuntos dos Prisioneiros e Ex-prisioneiros alertou nesta segunda-feira (19) para apreensões sobre a vida do proeminente líder nacional Marwan Barghouti, detido em confinamento solitário na penitenciária israelense de Ramla.
Barghouti, oficial sênior do partido Fatah, de 65 anos, foi preso em 2002 e condenado a quatro prisões perpétuas por conduzir “atos hostis” contra Israel, supostamente cometidos no contexto da Segunda Intifada.
Pesquisas de opinião assinalam a alta popularidade de Barghouti, mesmo após duas décadas na prisão, como candidato preferível dos palestinos comuns para suceder o presidente octogenário Mahmoud Abbas, que comanda a Autoridade Palestina desde 2005.
Na quarta-feira (14), o ministro de Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, conhecido por posições supremacistas de extrema-direita, confirmou o “isolamento” de Barghouti.
A medida, segundo postagem de Ben-Gvir na rede social X (Twitter), foi instaurada após serviços da ocupação militar receberem “informações sobre planos para uma nova Intifada [levante]”.
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“Impedir os advogados de visitar Barghouti incita temores reais de que sua vida esteja em risco, sobretudo dado a incitação contínua e direta contra ele na imprensa israelense”, insistiu o chefe da comissão palestina, Qaddoura Fares.
“O isolamento de Barghouti recai ao contexto de uma campanha repressiva contra os presos e [em particular] os líderes detidos do movimento nacional, via transferências em massa, punição coletiva, confinamento solitário e tortura endêmica”, acrescentou Fares.
Conforme seu relato, a declaração de Ben-Gvir se soma a “tentativas para mostrar força diante do público israelense”.
Trata-se do terceiro encaminhamento de Barghouti à solitária em menos de dois meses, perante a conjuntura do genocídio israelense em Gaza. A princípio, Barghouti foi transferido da prisão de Ofer à solitária em Ramla; então à Unidade de Isolamento Rimonim, antes de retornar a Ramla.
Fares demanda da comunidade internacional e das autoridades locais e regionais que cumpram suas responsabilidades para com os direitos humanos dos presos políticos, incluindo ao permitir que recebam visitas de familiares e advogados e sejam protegidos de violações.
Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, deixando 30 mil mortos e 70 mil feridos — a maioria, mulheres e crianças. Em torno de 70% da infraestrutura civil foi destruída; dois milhões de pessoas estão desabrigadas.
Na Cisjordânia e em Jerusalém, Israel intensificou sua escalada colonial — incluindo pogroms a aldeias e cidades palestinas e uma violenta campanha de prisão, que abduziu arbitrariamente mais de seis mil pessoas.
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A maioria dos palestinos encarcerados por Israel permanece em custódia ilegal sem julgamento ou sequer acusação; reféns, por definição. Muitos dos presos eventualmente libertados contam com relatos traumáticos e sinais de tortura.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.