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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Cerco israelense mata ao menos oito crianças de fome, alertam organizações

Mãe alimenta seu filho em uma tenda improvisada no distrito de el-Mawasi, em Rafah, sul de Gaza, em 9 de fevereiro de 2024 [Abed Zagout/Agência Anadolu]

Após quase cinco meses de ofensiva a Gaza, incluindo bombardeios e cerco militar, ao menos oito crianças morreram de fome na região norte da Faixa de Gaza, segundo informações da rede palestina Sahat.

A Organização das Nações Unidas (ONU), a ong Human Rights Watch (HRW) e outras entidades humanitárias alertam que a fome é usada deliberadamente como arma por Israel contra os civis da Faixa de Gaza.

Registros de vídeo mostram famílias deslocadas forçadas a comer ração animal ou grama, diante de níveis endêmicos de fome e desnutrição.

Segundo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), a situação é particularmente crítica no norte, onde uma entre seis crianças abaixo de dois anos sofre de desnutrição aguda. A região continua isolada do fluxo humanitário pela ocupação de Israel.

Após quase 20 semanas de campanha israelense, água e comida se tornaram escassas, reiterou a agência, “ao comprometer a nutrição e a imunidade de mulheres e crianças”.

Os dados foram compilados em janeiro, de modo que a situação possa ter se agravado.

Em Rafah, no extremo sul de Gaza, perto da fronteira com o Egito, onde 1.5 milhão de pessoas buscaram refúgio, sob temores de uma operação por terra, cerca de 5% das crianças abaixo de dois anos sofrem desnutrição grave.

LEIA: Unicef ​​alerta para aumento de mortes infantis em Gaza

Para a OMS: “Trata-se de evidência clara de que o acesso humanitário é crucial e pode ajudar a impedir resultados ainda piores. Reforça também os apelos das agências para proteger Rafah da ameaça de uma escalada militar”.

Ted Chaiban, vice-diretor executivo de Ação Humanitária do Fundo das Nações Unidas para a Infância, advertiu: “Gaza está prestes a viver uma explosão de mortes de crianças que poderiam ser evitadas, somando-se a níveis já intoleráveis de mortalidade infantil”.

Antes da agressão israelense, mesmo sob cerco, Gaza apresentava índices relativamente baixos de desnutrição em crianças abaixo de cinco anos (0.8%). A taxa atual de 15.6% no norte de Gaza mostra declínio exponencial sem precedentes.

“O rápido aumento da desnutrição que vemos em Gaza é perigoso e absolutamente prevenível”, observou Valerie Guarnieri, diretora assistente de Operações do Programa Alimentar Mundial, também agência da ONU.

Segundo Mike Ryan, diretor executivo da OMS para Emergências de Saúde, “fome e doença são uma combinação mortal”. Cerca de 90% das crianças abaixo de cinco anos sofrem com uma ou mais doenças infecciosas; 70% tiveram diarreia na última quinze — 23 vezes mais que os dados-base de 2022.

“Crianças famintas, enfraquecidas e profundamente traumatizadas são mais vulneráveis a pegar doenças e crianças doentes, sobretudo com diarreia, mal absorvem nutrientes”, explicou Ryan. “É perigoso e trágico, e está acontecendo diante de nossos olhos”.

As agências pediram liberação do fluxo humanitário a Gaza.

LEIA: ‘Crianças acima de quatro anos merecem passar fome’, diz ex-agente do Mossad

Israel mantém ataques ao enclave mediterrâneo desde 7 de outubro, deixando 29.410 mortos e 69,465 feridos, além de dois milhões de desabrigados.

Os 2.4 milhões de palestinos de Gaza continuam ainda sob cerco absoluto — sem comida, água, energia elétrica ou medicamentos. Ao promover suas ações, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, descreveu a população como “animais humanos”.

As ações israelenses são crime de guerra e genocídio.

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