O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, pronunciou-se contra a eventual extradição do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, aos Estados Unidos, segundo reportagem da agência Anadolu.
“Sou da opinião que seria positivo se as cortes britânicas lhe deferissem a proteção necessária”, declarou Scholz nesta segunda-feira (4). “[Assange] deve esperar um indiciamento nos Estados Unidos, dado que traiu segredos de Estado”.
Scholz fez seus comentários durante uma sessão de perguntas e respostas junto a estudantes do Colégio Gottlieb-Daimler, na cidade de Sindelfingen, no sudoeste do país.
O chanceler social-democrata expressou esperanças de que Assange não seja extraditado após a audiência de fevereiro sobre a matéria na Suprema Corte do Reino Unido, em Londres.
“Os representantes dos Estados Unidos não conseguiram asseverar aos juízes britânicos que sua possível punição estaria de acordo com os limites aceitáveis do ponto de vista do Reino Unido”, explicou Scholz.
Assange enfrenta pena de 175 anos de cadeia caso seja extraditado.
O que aconteceu?
Assange permanece detido em uma prisão britânica desde 2019, sob risco de extradição devido a acusações relacionadas ao vazamento de documentos militares entre 2010 e 2011.
A Alta Corte de Justiça do Reino Unido estipulou em 2021 que Assange poderia ser extraditado, ao negar evidências de problemas psicológicos e ameaças potencialmente enfrentadas na rede carcerária dos Estados Unidos.
Em 2022, a Suprema Corte manteve a decisão, segundo a qual a então ministra do Interior, Priti Patel, assinou a ordem de extradição. A batalha legal, no entanto, se intensificou.
Em seu último recurso, Assange pediu autorização para analisar o caráter político da decisão de Patel e contestar, portanto, o veredito inicial de 2021. Caso indeferido, Assange terá exaurido os recursos disponíveis no sistema judicial britânico, levando ao processo de extradição.
Em 2006, Assange fundou o WikiLeaks, projeto responsável por publicar mais de dez milhões de documentos, incluindo relatórios confidenciais sobre guerras, espionagem e corrupção.
Em 2010, a rede divulgou um vídeo de um helicóptero militar dos Estados Unidos que mostrava 18 civis sendo assassinados em Bagdá, capital do Iraque. Outros arquivos vazados implicaram as forças americanas na morte de centenas de civis no Afeganistão.
Para os críticos, a extradição de Assange seria equivalente a uma “sentença de morte”.
Seus advogados prometem, se preciso, levar o caso à Corte Europeia de Direitos Humanos.
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